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“Praticamente 100% da população foi impactada de alguma forma na área emocional nesta pandemia”, alerta psicóloga

Elisângela Lima, do Hospital São Camilo Fortaleza, diz que é importante preparar a mente para um tempo prolongado de pandemia
A psicóloga Elisângela Lima, do Hospital São Camilo Fortaleza, avalia que praticamente 100% da população tem sido impactada de alguma forma, ainda que indiretamente, na área emocional, com a pandemia. Mesmo aquelas pessoas que em geral apresentam bom enfrentamento a situações de crise têm sofrido, em menor ou maior grau, com todas as circunstâncias adversas que o período impõe, como luto, desemprego, mudanças na rotina de trabalho, restrições de acesso a lazer, entre outras.

Segundo ela, várias pesquisas têm sido divulgadas, apontando esse sofrimento mental, a exemplo do que foi analisado pela Fiocruz, indicando que  sintomas de ansiedade e depressão afetam 47,3% de trabalhadores essenciais durante a pandemia, no Brasil e na Espanha.

“Mas não apenas trabalhadores essenciais são impactados. Muitos dos que precisaram migrar para o home office, por exemplo, sofrem com a falta de estrutura adequada, com a dificuldade de organizar o tempo e evitar horas extras desnecessárias, e com a perda do convívio social com os colegas de trabalho. Além disso, os que são pais precisam se equilibrar entre a administração da jornada de trabalho e as aulas remotas dos filhos. São muitas situações estressoras nesse momento”, analisa.

Junto a este contexto, Elisângela diz que é comum a autocobrança, por uma maior produtividade, por aproveitamento dos inúmeros cursos online que são ofertados, tudo isso em meio a um cenário em que o tempo de lazer acaba sendo mal aproveitado, uma vez que as atividades fora de casa são restritas.  “Todas estas questões intensificam o humor deprimido e os sintomas de ansiedade”, diz.

O que é importante ser feito?
A psicóloga dá algumas dicas para amenizar o sofrimento emocional neste período. Uma recomendação importante, segundo ela, é estar ciente de que este tempo desafiador pode acabar rapidamente, como também pode se prolongar, e é importante estar preparado para qualquer dos cenários. Confira as recomendações:

– No home office, trabalhar bem a divisão de tempo, tendo horário para descanso, para lazer, etc. Evitar em excesso a autocobrança, de que deveria estar produzindo mais, etc. Entender que, por mais que alguns teóricos até critiquem essa visão, a estratégia é trabalhar com as ferramentas que tem para se permitir estar num “estado de sobrevivência”. “Aos poucos, a seu tempo, importante agregar outros valores, reaprendendo a viver nesse modelo que estamos inseridos, e viver com mais qualidade. Pode ser que seja um estado que dure um pouco mais, por isso é importante desenvolver estratégias para aprender outras formas de se divertir mesmo que esse contexto demore a passar”, recomenda.

– Cuidado com o uso de redes sociais. Em excesso, pode atrapalhar. A irritabilidade das pessoas fica mais elevada com as reuniões virtuais, porque há muito estímulo chegando ao mesmo tempo.

– Fazer terapia, praticar atividade física, cuidar da alimentação e se permitir ter momentos de lazer, para equilibrar o peso da balança em relação a esse contexto estressor.