Equipe de Enfermagem da Casa de Cuidados do Ceará treina cuidadores para dar suporte ao tratamento de pacientes
A Casa de Cuidados do Ceará (CCC), espaço implantado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) sob administração do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), tem o propósito de oferecer reabilitação humanizada e multidisciplinar aos pacientes em recuperação após alta hospitalar. E uma equipe de saúde que é fundamental nesse processo é a da Enfermagem, com enfermeiros, técnicos e auxiliares de transporte.
Os profissionais atuam na capacitação dos cuidadores dos pacientes, fornecendo o devido preparo e suporte, especialmente daqueles que não são da área da Saúde e que chegam à unidade com muitas dúvidas.
Para ampliar essa rede de atenção aos internados, a CCC, que completa três meses de funcionamento nesta sexta-feira (24), oferece treinamentos aos cuidadores que atuam nas dependências da unidade. As capacitações são ministradas pela equipe de Enfermagem e por outros profissionais de saúde.
“Os cuidadores são treinados especificamente com relação aos cuidados, como a administração de analgésicos, prevenção de úlceras por pressão, manuseio de sondas e traqueóstomo, técnicas de aspiração e sobre como administrar uma dieta apropriada, além dos cuidados com a pele e utilização de curativos adequados”, detalha Erica Lemos Silva, enfermeira da CCC. “Nós trabalhamos o fortalecimento do vínculo familiar e o suporte no enfrentamento da doença, além da aceitação da situação de fim de vida por meio de cuidados que minimizem o sofrimento físico, psicossocial e espiritual”, acrescenta.
Os profissionais da Enfermagem, em parceria com equipe multidisciplinar, oferecem serviços de educação em saúde de forma prática e vão além da reabilitação de pacientes. “Estes trabalhadores também atuam no manuseio de curativos, cuidados com o uso da sonda e alimentação dos usuários”, explica a gerente da Casa de Cuidados, Itala Brito.
“Trabalhamos em parceria com a equipe de Nutrição e Fonoaudiologia. Eles avaliam o tipo de dieta e a equipe de Enfermagem oferta e avalia a tolerância. Nos casos de dieta mista, o setor de Fonoaudiologia avalia a condição e nós observamos a aceitação do paciente”, relata Kesia Monteiro Conrado, enfermeira da CCC.
Sobre a atuação com os cuidadores, a profissional relata: “Diariamente, orientamos, mostramos e realizamos procedimentos juntos para que eles [cuidadores] se sintam mais seguros. Em seguida, eles começam a realizar os procedimentos e nós avaliamos. Além disso, orientamos sobre os horários dos medicamentos e como devem ser administrados”.
Kesia conta, ainda, que essa parceria entre profissionais de Enfermagem e cuidadores promove uma recuperação mais rápida do paciente. “Enfatizamos a necessidade das mudanças de decúbitos [posição da pessoa que está deitada, não necessariamente dormindo] para prevenir lesões, bem como de trabalhar a comunicação com o paciente para que ele se sinta sempre acolhido. Geralmente, eles melhoram mais rapidamente quando o cuidador é alguém da própria família”.
Atendimento especializadoA equipe de Enfermagem já presenciou diversos casos marcantes. Um deles foi o de um paciente de 21 anos com diagnóstico de Trauma Cranioencefálico (TCE) – devido a um acidente de moto. “Recebemos esse paciente com prognóstico muito ruim, sem abertura ocular, traqueostomizado, com deficiência motora total e afásico [com distúrbio na fala] e em uso de sonda naso enteral. Em poucos meses, porém, o paciente começou abrir os olhos, foi avaliado o desmame do traqueóstomo, retirado em seguida”, diz Kesia.
Segundo a enfermeira, esse paciente representa uma história de superação. “Atualmente, ele fala com dificuldade, mas consegue comer sozinho. Está bem nutrido e com a pele totalmente íntegra. A cuidadora era a namorada, bastante jovem e sem experiência. A equipe de Enfermagem prestou todo o suporte e assistência necessários ao paciente e sua cuidadora”, pontua.
A técnica de Enfermagem Luciana Ferreira de Oliveira também lembra de outras recuperações marcantes. “Tenho várias histórias emocionantes para contar. A última que me emocionou aconteceu nesses últimos dias, que foi o primeiro gesto de carinho de uma paciente logo quando terminei o banho dela no leito. Ela puxou minha mão com bastante força, então eu perguntei o que ela queria. Em seguida, ela levou minha mão até seu rosto e deu um beijo na minha mão. Até então, ela não se comunicava de forma alguma com ninguém. Eu e o filho dela choramos juntos”, rememora emocionada.
Entre os serviços realizados pela CCC estão os cuidados paliativos, tratamento no qual a prevenção do sofrimento está relacionada ao controle dos sintomas. Nesta abordagem, o envolvimento da família é fundamental, principalmente na fase de transição da alta hospitalar para o domicílio.
No caso dos pacientes que não têm familiares atuando como cuidadores, a atenção é redobrada. “Atuamos no banho e na companhia dessas pessoas. Sempre estamos presentes e atentos à necessidade de cada paciente, como troca de curativo, uso de glicemia, alimentação via oral, processo de escuta e passeios ao redor do espaço”, exemplifica Amanda Barros, técnica de Enfermagem.
Casa de Cuidados do CearáA Casa de Cuidados do Ceará iniciou as atividades no dia 24 de junho deste ano. O espaço promove tratamento de adultos com doenças crônicas que possuem sequelas e que necessitam de internação temporária ou permanente por meio de cuidados paliativos. O tempo de permanência depende do quadro e evolução de cada paciente.
O equipamento foi inaugurado, inicialmente, para auxiliar na reabilitação de acometidos pela Covid-19. O local passou a oferecer, no entanto, reabilitação humanizada e multidisciplinar aos residentes do Ceará em recuperação após alta hospitalar decorrente de outras doenças, bem como a atuar na desospitalização de quem está sob cuidados prolongados – com reabilitação e/ou adaptação de internados com sequelas decorrentes de outros diagnósticos, como Acidente Vascular Cerebral (AVC) e trauma.
Entre os benefícios oferecidos pelo espaço, estão: otimização dos leitos hospitalares; diminuição dos riscos de infecção; humanização no atendimento; assistência a familiares; além da promoção de transição do paciente para o domicílio e prevenção de novas hospitalizações.