Segurança do paciente: evitar lesões na pele exige atenção de equipes de saúde e cuidadores
Setembro é conhecido como o mês mundial de segurança do paciente. Portanto, as unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) realizaram atividades com os colaboradores durante todo o mês a fim de reforçar os protocolos adequados. A Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, dispõe de metas e estratégias para a melhoria da assistência a quem está internado baseadas na prevenção de danos, como os cuidados para evitar lesões na pele.
Este tipo de lesão pode acometer os pacientes de diversas faixas etárias, por isso a necessidade de atenção nas áreas de Neonatologia, Pediatria, Adulta e Geriatria. Os ferimentos podem ser agudos ou crônicos, primários ou secundários a outras afecções, decorrentes de contextos clínicos ou cirúrgicos e associados ou não a doenças crônicas não transmissíveis.
A atenção diante da integridade da pele deve ser foco de atenção de toda a equipe de saúde e dos cuidadores/acompanhantes, tanto no eixo adulto, como no infantil. A busca por estratégias e soluções para lesões de pele é um dos maiores desafios dos profissionais de saúde, visto que este tipo de contusão é um dos mais importantes eventos adversos que podem ocorrer durante a internação hospitalar.
Estomaterapia
A Estomaterapia é uma das áreas que faz o elo entre as demais categorias envolvidas nas estratégias de prevenção de lesões. Ela é responsável pelo cuidado de pacientes com estomias, feridas agudas e crônicas, fístulas, além de inserção de cateteres e drenos.
O trabalho de prevenção e tratamento de lesões é feito pelo setor de Estomaterapia do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, único hospital da região Norte a contar com o serviço. Segundo a enfermeira estomoterapeuta da unidade Cláudia Galdino, constantemente são realizados treinamentos para otimizar o trabalho da equipe e para uso de equipamentos para mudança de decúbito (quando o paciente é levado a deitar-se devido à doença). O trabalho é desenvolvido com a também enfermeira estomaterapeuta Eliziane Barros.
As lesões por pressão são ferimentos que podem ocorrer em qualquer parte do corpo em que haja saliência óssea, sendo mais comuns nas nádegas, calcanhares e nas regiões laterais da coxa. Na região afetada pela lesão, ocorre a interrupção sanguínea em uma determinada área, que se desenvolve pela pressão aumentada por um período prolongado.
“A lesão por pressão aparece por causa da permanência por muito tempo em uma determinada posição. Em geral, nas áreas onde há ossos mais proeminentes, deixa de chegar sangue, fazendo aquele tecido morrer e provocando a lesão”, Galdino. Este tipo de ferimento é grave e, se não tratado, pode levar a um prolongamento do tempo de internação. Há a possibilidade, ainda, de aumentar o risco de infecções e, em alguns casos, ocasionar a morte.
Prevenção
Cláudia Galdino explica que é simples identificar o início do aparecimento da lesão. “O que você vai perceber é uma região um pouco mais vermelha e é bem prático preveni-la. A principal medida de prevenção é a mudança de posição a cada duas horas”, orienta. A enfermeira também indica remover a pessoa acamada do leito, se possível, além de manter a cama limpa, seca, com os lençóis esticados. É preciso, ainda, evitar juntar migalhas de alimento. Outro fator importante é manter a pessoa bem hidratada e confortável, utilizando almofadas. Para a prevenção, o estomaterapeuta é responsável por avaliar o risco da lesão e a pele, tratando precocemente.
No Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), o serviço de estomaterapia teve início em setembro de 2020, frente ao desafio imposto pela pandemia de Covid-19. A especialidade contribui na prevenção e no tratamento de lesões, principalmente a lesão por pressão, por ser o evento de maior impacto tanto para pacientes, quanto para familiares.
O serviço no Helv desenvolve suas atividades em todas as áreas de assistência do hospital e atende a dois perfis: cirúrgico e Covid-19. Em um ano, a especialidade realizou 444 atendimentos a pacientes internados.
Nutrição aliada ao tratamento
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), também da Rede Sesa, o setor de Nutrição vem realizando trabalhos alusivos ao mês de Segurança do Paciente. Os estagiários da área, sob supervisão da coordenação, criaram um panfleto informativo que está sendo distribuído aos pacientes de todas as clínicas médicas.
A coordenadora da Nutrição no HGWA, Carolina Drummond, explica que o informe, com intuito de educação continuada, contém dicas de alimentos naturais fontes dos micronutrientes que facilitam a cicatrização das feridas. Entre as recomendações, estão o consumo de água e a restrição de alimentos que são fontes de açúcar e gorduras.
“Estamos trabalhando a prevenção por meio da alimentação. Fizemos um levantamento via avaliação de risco de desenvolvimento de lesão e estamos visitando todos os pacientes de alimentação oral que estejam com risco para a lesão. A ideia é promover o resgate da alimentação natural, facilitando também a aquisição com alimentos baratos, como a laranja, limão, acerola e proteínas como ovo, frango, fígado, fontes de ferro, zinco, selênio, vitaminas A, C, e outros nutrientes que ajudam na cicatrização”, detalha Drummond.
Capacitação
A Escola de Saúde e Gestão (ESG) promove o curso on-line “Conhecendo e Aplicando o Protocolo de Prevenção de Lesões de Pele”. O intuito é apresentar as tecnologias de baixo custo para aplicar na prevenção de lesões de pele, aprimorando a atuação do profissional de saúde e favorecendo a redução de tempo do paciente na instituição.
“Neste curso, o aluno irá aprender sobre as lesões de pele, os estágios de lesão por pressão, as estratégias de prevenção, a utilização de escalas; verá demonstrações sobre a mudança de decúbito e a utilização de materiais. Em 90% das vezes, é uma ocorrência prevenível quando o colaborador conhece as tecnologias e o protocolo. Essa prevenção contribui para a otimização da alta qualidade de vida e previne impacto tecnológico. O conhecimento adquirido no curso ajudará o profissional a desenvolver suas práticas”, explica a professora da capacitação, Yterfania Feitosa. As inscrições estão abertas.