Fisioterapia e cuidados paliativos: a atuação da área na humanização do atendimento
Eles possuem uma vocação que se destina a tratar e prevenir lesões e doenças decorrentes de fraturas, má-formação ou vícios de postura. Os fisioterapeutas têm um papel muito importante nas unidades hospitalares. E durante a pandemia, eles atuaram fortemente com uso de equipamentos essenciais para o tratamento dos pacientes com Covid-19, como o capacete de respiração assistida Elmo. No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), administrado pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), são 70 profissionais da área que lidam diariamente com diversas situações e contribuem para a qualidade de vida dos pacientes.
Uma das especialidades são os serviços destinados a pacientes que precisam de cuidados paliativos. A fisioterapeuta Renata Garcia Soares, que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto do HGWA, se interessou tanto pela área que buscou especialização em Cuidados Paliativos e Bioética. Ela lembra que o primeiro contato com pacientes em paliativismo foi em 2013, no Hospital Regional do Cariri (HRC), também da Rede Sesa. A humanização e o cuidado ofertado chamaram a atenção da profissional, que se dedicou a estudar mais sobre o tema.
A Fisioterapia no cuidado paliativo visa oferecer o melhor suporte ao paciente, focando na melhora da qualidade de vida. ‘De cara, tive afinidade, me identifiquei e me envolvi bastante. Me chamou atenção aquele cuidado humanizado, aquele acolhimento, aquela troca e a gratidão de pacientes e familiares por terem um cuidado adequado e digno. Daí veio a vontade de me aprofundar. E é uma especialidade no nosso meio pouco explorada teoricamente. Na minha turma, de aproximadamente 60 pessoas, entre médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, apenas eu era fisioterapeuta’, pontua.
Renata guarda diversas histórias por onde já passou. Dentre elas, a lembrança de um paciente com câncer de intestino, sem possibilidade de cura, há mais de 4 meses sem se alimentar por via oral. ‘Perguntamos a ele qual seria o seu maior desejo naquele momento. Ele disse que o aniversário dele se aproximava e gostaria de comemorá-lo com seus pais e sua família. Nos preparamos, conseguimos reunir sua família; seus pais já bem idosos, com bastante dificuldade, conseguiram se fazer presentes’, recorda.
Ela lembra, ainda, da sala preparada com balões e com a música preferida do paciente, além do bolo, dos salgadinhos e do refrigerante preferidos. ‘A felicidade era tanta, que no outro dia ele se sentia como se não tivesse doente. Conseguiu caminhar, conversar, estava bem disposto. Posteriormente, a doença evoluiu e ele veio a falecer de forma tranquila e em paz . A família retornou com muita gratidão por todo empenho da equipe’.
No Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) do HGWA, muitos pacientes também recebem os cuidados em casa. A fisioterapeuta Camila Falcão de Souza atua há quase oito anos no serviço, visitando o lar de pacientes três vezes por semana. Ela pontua que a Fisioterapia pode ser inserida no cuidado paliativo por meio de vários recursos terapêuticos, como terapia manual, alongamentos, fortalecimento muscular, fisioterapia respiratória com técnicas de expansão pulmonar e higiene brônquica, além de ajuste de suporte de O2 e ventilação mecânica.
‘Sempre nos deparamos com muitas situações desafiadoras. Em um grande número de casos, tanto o paciente como a família ainda não conhecem ou não entendem a progressão e irreversibilidade da doença de base, e muitos também ainda não entendem o que seriam os cuidados paliativos’, destaca Souza.
O coordenador do setor da Fisioterapia no HGWA, Carlos Henrique Oliveira, explica que a área é de fundamental importância para a promoção da recuperação e preservação da funcionalidade, contribuindo para a redução do tempo de internação, para o desmame da ventilação mecânica e a prevenção de agravos. ‘Oferecemos uma assistência com qualidade, segurança, centrada na pessoa, atuando nas disfunções cinético-funcionais de órgãos e sistemas nos seus variados níveis de complexidade e faixas etárias, por meio de conhecimento científico aliado ao domínio técnico, atuando também na interdisciplinaridade dentro das unidades assistenciais e no domicílio dos nossos usuários’, ressalta.