Anne Brunet faz exposição no Ceará
A artista plástica francesa retorna ao Brasil para apresentar sua nova série “Cosmos & Totems”. A exposição acontece simultaneamente em Fortaleza e no município de Fortim
Nascida Saint Etienne, na França, a artista plástica Anne Brunet, conhecida na Europa pelos seus traços de pop surrealismo em pinturas de acrílico sobre tela, traz para o Ceará a exposição Cosmos & Totem, que vai ocorrer em dois locais, de 28.07 a 25.09, no Café das Artes, localizado na charmosa vila do Pontal de Maceió, no município de Fortim, e no restaurante Pipo, em Fortaleza, de 15.08 a 25.09.
A nova série traz pinturas inspiradas em divindades pagãs, brasileiras, gregas e persas. Em uma viagem ao autoconhecimento e meditação (Cosmo), e na proteção celestial poderosa (Totem) presente em muitas civilizações “A pintura é uma arte em movimento. Procuro criar pontes e vínculos entre diferentes culturas tornando-as harmônicas”, diz a artista.
Anne Brunet tem uma história antiga com o Ceará, especificamente com a vila do Pontal de Maceió. Há 12 anos, o empresário Jean-Michel Chaufour, fundador da JMC, responsável pelos hotéis Vila Selvagem, Jaguaribe Lodge e Jaguarindia Village, convidou a artista para fazer o afresco da Igreja do Pontal. A partir de então, Anne fez do Fortim o seu segundo lar, e algumas de suas obras estão hoje em diversas áreas do complexo hoteleiro.
“Fui proprietário de uma galeria de arte em Paris e continuo sendo um eterno apaixonado por pinturas e esculturas. Para mim, o incentivo a arte é alimentar a cultura e estreitar os laços entre os países. Estou muito feliz em organizar e patrocinar essa exposição, e ter Anne Brunet novamente no Pontal”, comenta Jean-Michel Chaufour.
A exposição terá um total de 13 obras repletas de cores exuberantes e significados. “A humanidade poder ser tão rica quanto alegre. É assim que quero celebrá-la”, enfatiza Anne.
Cosmos & Totems por Jean-Luc Marty
O ser é o local de passagem em Anne Brunet. Aí, onde tudo cresce, se metamorfoseia, se desajusta, ele é dotado de vidência. Dito de outra forma, onde a obra se faz. Uma viagem interna iniciada há mais de quinze anos. Em 2006, sua primeira série de tintas sobre papel, fantasmagóricas e sensuais, construía uma espécie de universo onírico, pós-psicodélico. A necessidade de expressar coisas muito sombrias, diz ela neste momento, é a de se conectar com elas para mantê-las à distância. Noutras palavras, para se proteger delas: faz muito tempo que ronda o trabalho de Anne Brunet alguma coisa da ordem do celeste protetor, da abóbada. Uma jornada conduzida, desde 2009, por cores múltiplas, exuberantes.
Hoje apresentada, a série Cosmos age tal qual uma vigília de seus (nossos) céus íntimos e infinitos. Uma viagem na qual os anos-luz se contam em tantos padrões cerúleos, açafroados, de algas e de estrelas. E pensamos naqueles do artista japonês Yayoi Kusama, com sua redondeza alucinada.
Anne Brunet não pinta na análise, no conceito, no intelecto. Ela pinta no bruto, no espontâneo. É para pintar, e é agora. Então, sim, atracar seu ateliê em terra nordestina, no Pontal de Maceió, não é inconsequentemente. Ela fala de uma mudança de sua energia. De uma alegria, de uma leveza, talvez, mas familiar dos abismos e das alturas. Tudo o que é de evidência desta conexão, seus totens nos contam. Anne Brunet fabrica seus totens, material por material, cor por cor, padrões por padrões, até que a harmonia tome conta deles, mantenha-os erguidos entre terra e céu. Até este ponto luxuriante que provoca olhos esbugalhados. Pois, aproximar-se deles, fitá-los, é adentrar uma selva, em formigamentos, em murmúrios de mundos que se interpenetram. Aí onde tudo se fabrica, se miscigena, se inventa.
O totem é aquilo que agrupa uma tribo, uma linhagem. Há muito tempo, indígenas deixaram a Amazônia brasileira em direção ao horizonte para um lugar que chamavam de “a terra sem mal”.
Com certeza, os totens de Anne Brunet reúnem magnificamente homens e mulheres de hoje na rota de um tal lugar. Na visão de um clã semelhante, nos encontraríamos, então, a fantasiar, pensando no poeta antilhano Édouard Glissant: era abaixo do equador, no ombro esquerdo dos deuses.
Serviço
Exposição: “Cosmos & Totems”
Artista: Anne Brunet
De 28.07 a 25.09, no Café das Artes – Praça do Pontal de Maceió, s/n – Pontal de Maceió, Fortim/ Ceará
De 15.08 a 25.09 no Pipo Restaurante, R. Manoel Lourenço dos Santos, 399 – Fortaleza/Ceará