O etarismo e o impacto na saúde dos olhos
Conheci recentemente um termo que me chamou a atenção: etarismo. Algumas pessoas ainda não sabem o que ele significa, mas, de forma sucinta, é a discriminação por conta da idade de uma pessoa ou mesmo por grupos etários com base nos estereótipos. Esse tipo de preconceito tem sido um motor para diversos problemas sociais, impactando diretamente na autoestima e no autocuidado que as pessoas têm, podendo levar, inclusive, a falta de cuidados com a própria saúde. Uma das que acompanho de perto em consultório é a falta de acompanhamento oftalmológico. Algumas pessoas, por medo da discriminação, não se cuidam, não procuram ajuda.
Incentivados ainda pela falta de acesso fácil a algumas especialidades médicas, certos grupos etários, como as pessoas idosas, têm deixado a saúde ocular para depois. Como médica oftalmologista, sempre bato na mesma tecla: isso é extremamente prejudicial, pois como determina o curso natural da vida, alguns acometimentos são mais comuns a partir de uma certa idade, como é o caso da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), que, se não tratada devidamente, pode causar cegueira. Inclusive, a doença é uma das grandes causas da cegueira irreversível em idosos.
A DMRI afeta uma área central da retina, a qual chamamos de mácula, e com a sua progressão, ocorre a perda gradual da visão. Os seus principais sintomas são: visão embaçada, dificuldade de executar trabalhos mais detalhados que exigem maior esforço visual e aparecimento de pontos cegos na visão e percepção errônea de linhas.
Ademais, outra causa que pode levar ao não tratamento de doenças oculares relacionadas à idade, como a DMRI, está a desinformação. Por falta de conhecimentos e acesso rápido a informações, muitas pessoas não percebem a presença de sinais e sintomas e não procuram ajuda especializada. Dessa forma, levando em consideração todos os fatores citados, em consultório, sempre prezo pelo protagonismo dessas pessoas, deixando-as a par de tudo o que ocorre, comunicando o que está fora do normal e incentivando a continuidade de tratamentos maiores. Somente assim podemos contribuir, um pouco de cada vez, com a diminuição desses preconceitos.
Foto: Arquivo Pessoal