Faz bem ou faz mal? Especialista explica sobre o consumo do café
No Dia Mundial do Café, o endocrinologista do Instituto de Educação Médica (Idomed), Rogério Couras, defende que a bebida deve ser consumida com cautela e não deve ultrapassar quatro xícaras por dia.
De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o Brasil está na segunda posição do ranking de maior consumidor de café no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Por ser uma bebida apreciada por muitas pessoas, existem muitos mitos acerca dos prejuízos e benefícios que envolvem o seu consumo. O endocrinologista do Instituto de Educação Médica (IDOMED), Rogério Couras, destaca que, assim como vários alimentos, o café deve ser consumido com parcimônia, principalmente por ser uma bebida estimulante.
“O café pode trazer diversos benefícios à saúde, desde que seja consumido com moderação. É considerado um diurético natural. Ele contém antioxidantes que ajudam a combater o envelhecimento celular e, além disso, também pode ser benéfico para o cérebro por conta da cafeína que pode melhorar a concentração, a memória e a capacidade de raciocínio. A substância também pode ajudar a reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson”, conta o médico.
Quatro xícaras por dia
No entanto, o endocrinologista destaca que os benefícios só acontecem dependendo da quantidade ingerida e varia de organismo para organismo. “Cada pessoa reage de uma forma diferente. Não há um padrão. Por isso, é preciso ter sensibilidade para observar as reações e buscar consumir sempre um café de melhor qualidade e com moderação”, explica o especialista. Ainda segundo ele, um estudo da USP divulgado na revista “Clinical Nutrition”, em julho de 2019, concluiu que o consumo não deve ultrapassar quatro xícaras (720 ml) de café por dia.
Rogério Couras alerta que o consumo excessivo de café pode ser, sim, prejudicial à saúde. “A cafeína libera adrenalina na circulação. Em grandes quantidades, ele pode aumentar a pressão arterial em pessoas predispostas a desenvolver hipertensão, causar palpitações cardíacas em pessoas que têm arritmia, dores estomacais, abdominais e refluxo. O excesso da cafeína também pode causar irritabilidade, insônia se consumido à noite e até ativar um quadro de ansiedade pré-existente em algumas pessoas”.
Café vicia?
Quando questionado se o café vicia, o endocrinologista e docente do IDOMED explica que o modo de preparar o café pode influenciar nesse fator. “A cafeína, por si só, pode criar uma sensação de dependência em algumas pessoas por ser uma substância estimulante. Porém, quando coado em papel de filtro, libera uma molécula que melhora o perfil lipídico (baixa o LDL e sobre o HDL) e qualquer substância que age no sistema nervoso central pode viciar, já que age diretamente na linha de transmissão da dopamina”, finaliza Couras, ressaltando que “o vício em café é raro e, na maioria dos casos, o seu consumo moderado não causa dependência”.