Envelhecimento sem idealização é destaque em Quando Chega o Outono, novo filme de François Ozon
Longa estreia em 27 de março e traz protagonismo para a terceira idade, fugindo dos estereótipos sobre velhice
Em QUANDO CHEGA O OUTONO, novo filme do diretor francês François Ozon que estreia nos cinemas brasileiros em 27 de março, a terceira idade ocupa o centro da narrativa de forma pouco comum no cinema: sem idealizações e longe dos estereótipos frequentemente associados ao envelhecimento. A protagonista Michelle (Hélène Vincent) vive sua aposentadoria em uma bucólica vila na Borgonha, cercada pela serenidade do campo e pela companhia da amiga Marie-Claude (Josiane Balasko). Quando sua filha Valérie (Ludivine Sagnier) decide deixar o neto Lucas aos seus cuidados durante as férias, a rotina tranquila se fragmenta. Pequenos incidentes despertam suspeitas e segredos do passado, instaurando um suspense silencioso que subverte a imagem tradicional da “vovó acolhedora”.A escolha por dar protagonismo a personagens mais velhas esteve entre as motivações centrais de Ozon para o projeto. “Quis filmar atrizes de 70 e 80 anos que assumem sua idade sem recorrer a artifícios. Fico chocado ao ver como a representação das rugas e das marcas do tempo está desaparecendo das telas e da sociedade”, afirmou o diretor.Esse compromisso em exaltar a velhice como ela é se reflete não só na escolha do elenco, mas também na condução da trama. Michelle não é tratada como uma figura idealizada; ela é contraditória, carrega frustrações e desejos não ditos. Tem vitalidade e também sombras. Como pontua Ozon: “A sociedade idealiza os idosos, esquecendo que eles também têm um passado complexo, uma sexualidade, um inconsciente…”.No filme, a velhice não é sinônimo de fim ou de redenção, mas de continuidade – uma fase em que as ambiguidades da vida persistem e as escolhas do passado ainda reverberam. O suspense que atravessa a narrativa potencializa essa leitura: até onde alguém é capaz de ir para proteger quem ama? E o que se esconde por trás da tranquilidade aparente?Estrelado por Hélène Vincent, Josiane Balasko e Ludivine Sagnier, QUANDO CHEGA O OUTONO chega aos cinemas em 27 de março, com distribuição da Pandora Filmes. |
Sinopse Em um bucólico vilarejo da Borgonha, Michelle e Marie-Claude, amigas e vizinhas de longa data, desfrutam de um estilo de vida tranquilo após a aposentadoria. Michelle está ansiosa para passar o verão com seu neto, Lucas. Mas a estadia é cancelada após ela servir cogumelos venenosos à sua filha Valérie, mãe do garoto, o que abala ainda mais a relação marcada por traumas e segredos do passado. Desolada, Michelle começa a se sentir menos solitária quando o misterioso filho de Marie-Claude sai da prisão. |
Ficha Técnica Duração: 102min Direção: François Ozon Roteiro: François Ozon, com a colaboração de Philippe Piazzo Diretor de Fotografia: Jérôme Alméras Som: Brigitte Taillandier Montagem de Som: Julien Roig Mixagem: Jean-Paul Hurier Montagem: Anita Roth Direção de Arte: Christelle Maisonneuve Figurino: Pascaline Chavanne Casting: Anaïs Duran Produção Executiva: Aude Cathelin Assistente de Direção: Marion Dehaene Trilha Sonora: Evgueni & Sacha Galperine Produção: Foz |
Elenco principal Hélène Vincent (Michelle) Josiane Balasko (Marie-Claude) Ludivine Sagnier (Valérie) Pierre Lottin (Vincent) Garlan Erlos (Lucas) |
Sobre a Pandora Filmes A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 35 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de longas-metragens no Brasil, revelando cineastas outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos dos últimos anos incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional; “The Square: A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund, vencedor da Palma de Ouro em Cannes; “Parasita”, de Bong Joon Ho, vencedor da Palma de Ouro e do Oscar; o tunisiano “O Homem que Vendeu Sua Pele”, de Kaouther Ben Hania, e “A Felicidade das Pequenas Coisas”, uma grande surpresa do cinema do Butão, ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme Internacional; “Apocalypse Now: Final Cut”, a obra-prima de Francis Ford Coppola; “Roda do Destino”, de Ryusuke Hamaguchi, vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim; mais os brasileiros “Deserto Particular”, de Aly Muritiba, e “Uma Família Feliz”, de José Eduardo Belmonte, dois grandes sucessos aclamados pela crítica. |