Ação estimula jovens a se tornarem multiplicadores no combate às mudanças climáticas
Iniciativa realizada pelo Unicef, em parceria com Instituto Eco Nordeste, reuniu jovens de 26 municípios cearenses
Crédito das fotos: Maristela Crispim
Adolescentes de 26 municípios cearenses participaram, neste mês de janeiro, de ações presenciais e online, com foco na conscientização e desenvolvimento de iniciativas voltadas ao combate às mudanças climáticas. Durante a programação promovida pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), em parceria com o Instituto Eco Nordeste (responsável pela elaboração e desenvolvimento das atividades), os jovens participaram de um encontro no Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, e contaram com encontros on-line sobre emergências climáticas com a consultoria de Magda Maya, doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente e Maristela Crispim, editora-chefe da Eco Nordeste – Agência de Conteúdo e diretora executiva do Instituto Eco Nordeste, instituição parceira do Projeto.
Durante o encontro no Parque do Cocó, a proposta de trabalhar o tema mudanças climáticas pelo Unicef foi apresentada por Nilson Alves, coordenador de adolescentes do Selo Unicef, que também deu os encaminhamentos para a formação de clubes em cada município. As recém-empossadas secretárias de Juventude e de Meio Ambiente do Estado, Adelita Monteiro e Vilma Freire, estiveram no evento, em suas primeiras agendas oficiais.
A ação faz parte da agenda do Selo Unicef – iniciativa que tem a adesão dos 183 municípios cearenses, cujo objetivo é estimular e reconhecer avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira. No Ceará, as atividades do Selo são executadas pela Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE).
“Para nós da Eco Nordeste é motivo de grande alegria essa parceria com o Unicef. Já que a Emergência Climática precisa ser considerada por todas as pessoas, esses jovens têm um potencial multiplicador incrível e daqui a uns anos estarão no mercado de trabalho em diferentes áreas. Sem contar que este recorte traz adolescentes indígenas, quilombolas e de comunidades com peculiaridades ambientais do Estado do Ceará para o centro desta discussão estratégica”, afirma Maristela Crispim.
Rui Aguiar, chefe de escritório do Unicef, em Fortaleza, confirma que, no Estado, foram contemplados aqueles municípios que possuem questões ambientais singulares, como lugares onde há pessoas impactadas por empreendimentos diversos e aqueles que passam por processo de desertificação, ambientes costeiros, que possuem áreas de proteção ambiental e algumas outras características importantes como é o caso dos municípios com comunidades quilombolas e indígenas.
Segundo ele, apesar dessa seleção, as atividades serão realizadas por todos os municípios cearenses. Ainda de acordo com Rui Aguiar, o próximo passo é a continuidade das ações de capacitações sobre as mudanças climáticas em uma turnê de teleconferências com esses jovens, além do apoio técnico para que realizem essas atividades em suas cidades. O projeto também incentiva a criação de clubes em cada um dos municípios para a realização de ações voltadas para o ativismo jovem. “A gente espera que até março sejam realizados dias D de mobilização e que esses clubes sejam mobilizados com o nosso apoio”, destaca Aguiar.
Dinâmica estimula o ativismo jovem
O Encontro de Adolescentes pelo Clima, realizado no último dia 17 de janeiro, no Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, foi um momento dinâmico e de muito aprendizado para os jovens. Ao participar pela primeira vez de um evento deste tipo, a indígena da etnia Tremembé, Jaiciane Matos, de Almofala, em Itarema, no Litoral Oeste do Ceará, afirmou que tudo que aprendeu durante o dia no Parque do Cocó será levado para a sua comunidade. “Vivemos em harmonia com a natureza, mas, com o conhecimento, essa relação pode ser ainda mais proveitosa e respeitosa”, destaca Jaiciane.
As irmãs Alane e Ariane do Nascimento também levaram para o município de Salitre, no Cariri, Sul do Ceará, onde vivem em uma comunidade quilombola, novos saberes para compartilhar e mobilizar os demais jovens. “Aprendemos aqui o quanto o ser humano prejudica o meio ambiente. O quanto os resíduos fazem mal à natureza. Penso em me engajar em projetos e conscientizar pessoas na minha comunidade para ajudar o meio ambiente”, destaca Alane.
Para Rui Aguiar, o encontro realizado no Parque Estadual do Cocó, traz aos jovens um significado que vai além da importância ambiental da Unidade de Conservação. “É um espaço que nasceu de um movimento social para preservar essa área verde da cidade. O Parque do Cocó tem uma importância ambiental e social, mas também histórica para mostrar aos adolescentes o quanto o movimento social é importante e tem força. A gente também organizou uma trilha no Parque onde foram apresentadas algumas questões importantes para a percepção das mudanças climáticas”.
Para Magda Maya, o evento superou as expectativas e a melhor parte ficou por conta do interesse e lucidez dos jovens participantes em relação ao conteúdo sobre mudanças climáticas: “Nosso papel (meu e de Maristela) acabou sendo o de qualificar as informações que muitos já tinham boas noções, além de demonstrar metodologias para que eles mesmos sejam facilitadores de processos semelhantes em suas cidades/comunidades. Um ponto especial, particularmente importante para mim foi a aquisição de meu livro ‘Sustentabilidade 4.0’ por parte do Unicef para presentear cada um dos adolescentes participantes e como forma de entregar a eles uma referência científica e criativa para inspirar suas futuras ações”.
Estiveram presentes nos encontros adolescentes dos municípios cearenses de Aquiraz, Aratuba, Baturité, Catunda, Caucaia, Crateús, Cruz, Eusébio, Horizonte, Iracema, Itapipoca, Itarema, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Pacatuba, Pacujá, Poranga, Quiterianópolis, Quixeramobim, Salitre, São Benedito, São Gonçalo do Amarante, Sobral, Solonópole, Tamboril e Tauá.