Aumento da expectativa de vida no Brasil acende alerta para a importância da capacitação do público 50+
A longevidade da população tem aumentado nos últimos anos. Atualmente, de acordo com o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro é de 76,4 anos. Com mais pessoas acima dos 50 anos no país, a inserção desse público no mercado de trabalho se torna cada vez mais necessária, e a capacitação precisa ser uma forte aliada nesse processo.
Hoje, cerca de 13 milhões de pessoas acima dos 50 anos estão empregadas no Brasil, conforme dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). No entanto, embora o número seja significativo, os cargos ocupados por essa faixa etária frequentemente evidenciam uma falta de qualificação. Segundo a Rais, as principais ocupações desse público são faxineiros, motoristas de caminhões e auxiliares de escritório, funções que muitas vezes não exigem uma qualificação formal ou especializada.
Um dos principais desafios para o público 50+ é ocupar cargos relacionados à tecnologia. De acordo com uma pesquisa da consultoria Maturi em parceria com a NOZ Pesquisa e Inteligência, 58% dos profissionais acima dos 50 anos se consideram pouco aptos para lidar com a tecnologia, o que limita ainda mais a presença dessa faixa etária no mercado de trabalho. “Naturalmente, as pessoas mais experientes poderão não ter tanto trato com a tecnologia quanto os jovens, pois não viveram com tanta intensidade esse período de modernização”, explica Cilene Sousa, coordenadora de RH do Grupo Controller.
Capacitação não é garantia de permanência ou recolocação
Mesmo aqueles do público 50+ que investem em capacitação e estão aptos para assumir novas funções enfrentam dificuldades em se manter ou se recolocar no mercado. Dados da Fundação Instituto de Administração (FIA) mostram que 52% dos profissionais com mais de 50 anos relatam dificuldades para encontrar novas oportunidades de emprego, mesmo possuindo as qualificações necessárias. Além disso, 36% desses profissionais sentem que suas experiências e conhecimentos não são devidamente valorizados, já que muitas empresas ainda priorizam a contratação de perfis mais jovens.
Embora muitos profissionais dessa faixa etária já tenham buscado qualificações adicionais em áreas como gestão de projetos, marketing digital e finanças, as vagas oferecidas a eles frequentemente são de menor responsabilidade e remuneração.
Cilene Sousa ressalta que “há um grande potencial não aproveitado nesses profissionais experientes que já possuem a qualificação necessária para diversas funções. As empresas precisam repensar suas estratégias de contratação e valorização desse público, quebrando o preconceito e reconhecendo o valor da experiência e da sabedoria acumulada.”
Esse cenário demonstra a necessidade de um esforço conjunto entre empresas, governo e organizações de capacitação para criar políticas de inclusão e combater o preconceito etário. Assim, será possível promover um ambiente de trabalho mais inclusivo e diversificado, que valorize o talento e a experiência, independentemente da idade.