Casa de Cuidados do Ceará completa 6 meses de inauguração
Um percurso pelos seis meses da Casa de Cuidados do Ceará
A Casa de Cuidados do Ceará (CCC), vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), completa seis meses de funcionamento nesta sexta-feira (24). Desde sua implementação, 260 pacientes foram admitidos no espaço, no período entre 24 de junho de 2021 e 15 de dezembro de 2021. Atualmente, 101 pessoas seguem recebendo acompanhamento na unidade. Os internados são pacientes que permaneceram por longo período em hospitais – em decorrência de infecção pelo coronavírus ou outras doenças graves – e estão no processo de reabilitação pós-Covid, acidente vascular cerebral (AVC) e traumas.
“A Casa de Cuidados do Ceará é uma casa de transição, fundada para desafogar a rede hospitalar de Fortaleza, acolhendo pacientes que passaram por longos períodos de internação e que necessitam de reabilitação, por exemplo”, explica Itala Oliveira, gerente do equipamento. “Prestamos assistência de forma humanizada, sempre buscando a melhor transição para uma alta segura”, acrescenta.
A CCC acompanha uma tendência mundial para a desospitalização precoce a fim de evitar a lotação em unidades hospitalares de emergência e, assim, liberar leitos para pacientes com diagnósticos mais severos. A diminuição do tempo de permanência no ambiente hospitalar reduz, ainda, chances de complicações e proporciona um tratamento mais adequado, respeitando protocolos de segurança.
A unidade estadual foi inaugurada, inicialmente, para auxiliar na reabilitação de quem foi acometido pelo SARS-CoV-2. O local passou a oferecer, depois, reabilitação humanizada e multidisciplinar aos residentes do Estado em recuperação após alta hospitalar de outros diagnósticos, bem como atuar na desospitalização de quem está sob cuidados prolongados.
Entre os benefícios oferecidos pelo espaço, estão: otimização dos leitos hospitalares; diminuição dos riscos de infecção; humanização no atendimento; assistência a familiares; além da promoção de transição do paciente para o domicílio e prevenção de novas hospitalizações.
“Atualmente, atendemos com uma equipe multiprofissional completa para um aporte assistencial seguro, preparando o cuidador para o retorno ao lar, minimizando riscos e prevenindo reinternações. A Casa também atende pacientes em ventilação mecânica invasiva”, pontua Oliveira.
Primeiro paciente
O primeiro paciente deu entrada na CCC logo no primeiro dia de inauguração. “A maioria dos pacientes chegou para reabilitação ou cuidados pós-Covid-19, porém, outros necessitaram de cuidados para reabilitação de doenças ou cuidados pós-Covid-19, porém, outros necessitaram de cuidados para reabilitação de doenças ou condições, como AVC, trauma e infecções graves, além de doenças psiquiátricas e pneumonia”, diz Ursula Wille Campos, diretora da Casa.
O espaço possui, hoje, 130 leitos. É permitido que pacientes possam ter a companhia de um familiar na fase de reabilitação. O local é acessível e também conta com área verde, possibilitando ar fresco e tranquilidade.
Projetos implantados em benefício do paciente e do colaborador
As pessoas recebidas no local possuem assistência de profissionais das áreas de Enfermagem, Fisioterapia, Assistência Social, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Nutrição e Psicologia, além de visitas médicas, com a adoção de todos os cuidados necessários na transição entre a estrutura hospitalar e o domicílio do paciente.
Entre os projetos implantados estão o Pôr do Sol, que leva pacientes para observar o fim do dia em uma área externa, promovendo bem-estar e acesso à vitamina D por meio dos raios solares; o Sensações, que busca proporcionar, via alimentação, sentimentos de nostalgia aos pacientes que estão sob cuidados paliativos no espaço; o Zen, que estimular o relaxamento aos colaboradores em meditação e ioga; e, por fim, o Talentar, que realiza exposições de trabalhos de artes de colaboradores e pacientes.
Além disso, a equipe de Terapia Ocupacional promove o circuito psicomotor, iniciativa que busca estimular funções executivas, coordenação motora, integração socioemocional e o vínculo entre família e paciente. “Utilizamos diversos objetos para estimular a coordenação motora por meio de atividade integrada, em grupo. A cada intervalo, os objetos mudam e conseguimos trabalhar, de forma completa, as funções cognitivas e motoras, além de trabalhar a integração social dos pacientes”, detalha Natália Costa, terapeuta ocupacional da CCC.
A mesma equipe também implantou o Leitura em Movimento, projeto que consiste em incentivar a leitura e o compartilhamento de livros entre pacientes, cuidadores e colaboradores da Casa, assim como técnicas de tecnologia assistiva e práticas integrativas para reabilitação de pacientes.
Todas as sextas, a equipe da unidade também recebe os cuidadores de pacientes para um momento de pausa. A terapeuta ocupacional Kamylle Guanabara batizou o tempo de Cuidando do Cuidador. “Promovemos dinâmicas, alongamento, além de relaxamento, acolhimento e momento de escuta aos cuidadores; afinal, eles têm uma rotina de doação com o paciente”.
Capacitação para cuidadores e profissionais de saúde
A equipe de Enfermagem da CCC atua diretamente com a equipe de cuidadores dos pacientes, fornecendo o devido preparo e suporte, especialmente daqueles que não são da área da Saúde e que chegam à unidade com muitas dúvidas.
“Os cuidadores são treinados especificamente com relação aos cuidados, como a administração de analgésicos, a prevenção de úlceras por pressão, o manuseio de sondas e traqueóstomo, os cuidados na aspiração e sobre como administrar uma dieta apropriada, além dos cuidados com a pele e a utilização de curativos adequados”, diz a enfermeira Érica Lemos Silva. “Nós trabalhamos o fortalecimento do vínculo familiar e o suporte no enfrentamento da doença, além da aceitação da situação de fim de vida por meio de cuidados que minimizem o sofrimento físico, psicossocial e espiritual”, soma.
No caso de pacientes que não têm familiares desempenhando papel de cuidadores, a atenção é redobrada. “Atuamos no banho e na companhia dessas pessoas. Sempre estamos presentes e atentos à necessidade de cada paciente, como troca de curativo, uso de glicemia, alimentação via oral, processo de escuta e passeios ao redor do espaço”, exemplifica Amanda Barros, técnica de Enfermagem.
Apesar de realizarem treinamentos quinzenais, o equipamento viu a necessidade de um curso mais aprofundado para os cuidadores e, por isso, promoveu pela primeira vez uma capacitação para este público, no último mês, com foco em cuidados especiais para promover a segurança do paciente no retorno ao lar e evitar novas hospitalizações. “Buscamos aliar teoria e prática, com o intuito de potencializar os cuidados domiciliares. Os cuidadores são os protagonistas no cuidado. A prática foi baseada na rotina do paciente e utilizou simulações e estratégias direcionadas”, sublinha a gerente da CCC.
O conteúdo foi ministrado pela equipe multidisciplinar da Casa, do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), em parceria com a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE), a Escola de Saúde e Gestão (ESG) e o ISGH.
A cuidadora Lucilene Gomes Sousa, que atua como cuidadora do próprio marido, relata que foi a primeira vez que participou de um curso do tipo. “Em 64 anos de vida, foi a primeira oportunidade de capacitação que tive. Aprendi a mexer na sonda, aspirar, tirar meu marido da cama, dar banho. Foi uma experiência incrível”, lembra, emocionada.
A Casa planeja realizar o próximo curso em janeiro de 2022 para cuidadores do SAD do HGWA, também da Rede Sesa, e, após os ajustes, expandir para toda a rede hospitalar.