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Casos de dengue dobram em um ano nas UPAs estaduais; confira sinais de alerta da doença e formas de prevenção

As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) 24h vinculadas à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e gerenciadas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH) registraram 321 casos de dengue em outubro deste ano. O número é mais que o dobro do registrado no mesmo período de 2020, quando 130 casos da doença foram contabilizados. Neste ano, junho foi o mês com o maior número de casos de dengue avaliados nos equipamentos, com 2.356 atendimentos, seguido de julho (1.734) e maio (1.677). Integram a Rede Sesa as unidades de Messejana, Praia do Futuro, José Walter, Canindezinho, Autran Nunes e Conjunto Ceará.

“O pico da doença ocorre em período chuvoso, normalmente no início do ano, porém tivemos aumento de suspeitas agora no segundo semestre. A colaboração da população com cuidado com água parada, onde o mosquito se reproduz, é fundamental“, destaca Patrícia Santana, médica emergencista e diretora de Cuidados e Saúde das UPAs geridas pelo ISGH.

Os sinais e sintomas da dengue podem se confundir com os de Covid-19, independentemente da infecção causada por qualquer um dos sorotipos. As principais manifestações são febre alta, dores musculares intensas e ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

“Em casos graves, há dengue hemorrágica, que precisa de internação e pode ser fatal sem os cuidados devidos. Já a Covid-19, geralmente, está relacionada a sintomas gripais, e, em casos graves, à dispneia (falta de ar)”, pontua Yasmin Costa, coordenadora médica da UPA Autran Nunes. Ao primeiro sinal de manifestação da doença, o paciente deve procurar o posto de saúde ou a UPA mais próxima de casa. Tontura, sangramento, falta de ar, redução da quantidade de urina, dor abdominal e vômitos são considerados sintomas de alerta. Nestes casos, recomenda-se internação hospitalar.

“Em caso de suspeita de dengue, é aberto um protocolo no próprio sistema da unidade com o relato de sintomas, idade, comorbidades, que serve para guiar o médico à conduta mais precisa, que vai desde hidratação, que é a medida inicial para o tratamento, até internação com medidas mais incisivas. Com a suspeita então confirmada, o caso é guiado pelo próprio protocolo UPA com intervenção médica. Esse mesmo protocolo, se aplicado corretamente à suspeita, ajuda a evitar complicações e óbitos”, explica Costa.

“10 minutos contra o Aedes”Nesta sexta-feira (26), o Ministério da Saúde (MS) convoca toda a sociedade para uma Mobilização Nacional de Combate ao Aedes aegypti, mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya. A ação foi denominada “10 minutos contra o Aedes”. A data foi instituída pela Lei nº 12.235/2010 e serve de alerta para a população sobre a importância da eliminação dos criadouros. A intensificação das campanhas no verão ocorre em decorrência da alta proliferação do mosquito, mas deve seguir durante todo o ano.

Segundo o MS, no Brasil, foram confirmadas 209 mortes por dengue desde o início deste ano. Os estados que apresentaram o maior número de óbitos foram: São Paulo (53), Paraná (28), Goiás (20), Ceará (13) e Mato Grosso do Sul (13), representando 60,7 % das mortes no País.

CuidadosCada pessoa é responsável e precisa, semanalmente, fazer vistorias no seu imóvel para evitar focos do mosquito. Baldes, potes, quartinhas, bacias, tambores e outros recipientes que guardam água para consumo e outros usos domésticos, assim como a caixa d’água, devem ser limpos e vedados corretamente.

Outra dica é evitar que a água de chuva se acumule sobre lajes e calhas. Guardar garrafas sempre de cabeça para baixo, encher até a borda os pratinhos dos vasos de planta e descartar adequadamente o lixo que possa acumular água, como pneus velhos, latas, recipientes plásticos, tampas de garrafas e copos descartáveis, é essencial. Por isso, o lixo não deve ser jogado na rua.

Outra forma de evitar a doença é o uso de repelentes e inseticidas. É importante lembrar que o produto utilizado deve ser devidamente registrado na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aplicado de acordo com as instruções do fabricante, contidas no rótulo.

“Perder um paciente ou ente querido por dengue é a certeza de que aquela perda poderia ter sido evitada com medidas de combate à proliferação do mosquito. Portanto, a sensibilização da população continua sendo um passo crucial no controle dos casos”, ressalta Patrícia Santana.

Dengue
Doença febril grave, a dengue é causada por um arbovírus – vírus transmitido por picada de insetos, especialmente os mosquitos. O vetor da doença é o mosquito Aedes aegypti, que também é transmissor de zika e chikungunya. A dengue pode ser transmitida, ainda, da gestante para o bebê e por meio de transfusão de sangue.

Em 45 dias, um único mosquito Aedes aegypt pode contaminar até 300 pessoas. Além disso, o ovo do inseto pode sobreviver até 450 dias, mesmo se o local onde foi depositado estiver seco. Se a área receber água novamente, o ovo ficará ativo e poderá atingir a fase adulta em poucos dias. Por isso, após eliminar a água parada, é necessário lavar os recipientes com água e sabão.