Cinema

“Colônia”, série original do Canal Brasil criada por André Ristum, estreia dia 25 de junho

Rodada em preto e branco, a produção, estrelada por Fernanda Marques, tem Andréia Horta Augusto Madeira, Naruna Costa, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes e Rejane Faria no elenco

Estreia no Canal Brasil, em 25 de junho, às 21h30, a série original de ficção “Colônia”, de André Ristum. Na mesma data, todos os 10 episódios estarão disponíveis nos serviços de streaming Canais Globo e Globoplay e o primeiro episódio estará disponível para não assinantes por sete dias. “Colônia” é uma produção de Sombumbo e Tc Filmes, em coprodução com a Gullane, produzida por André Ristum e Rodrigo Castellar, e financiada através do Fundo Setorial do Audiovisual. Estrelada por Fernanda Marques, no papel da jovem Elisa, a série tem no elenco atores como Andréia Horta, Augusto Madeira, Naruna Costa, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes, Rejane Faria, além de participações especiais de Stephanie de Jongh, Rafaela Mandelli, Christian Malheiros, Eduardo Moscovis, Marat Descartes e Nicola Siri, entre tantos outros.

“Colônia” será lançada com uma coletiva de imprensa virtual, na terça-feira, dia 22/06, às 12h. Presenças confirmadas do criador e diretor, André Ristum, do produtor, Rodrigo Castellar, e dos atores Fernanda Marques, Andréia Horta, Augusto Madeira, Naruna Costa, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes e Rejane Faria. A mediação será de Simone Zuccolotto. Clique aqui para se inscrever

Criada por André Ristum, que também assina a direção e o roteiro – esse, junto com Marco Dutra e Rita Gloria Curvo –, a trama é livremente inspirada no livro “Holocausto Brasileiro”, de Daniela Arbex, e na história real de tantas pessoas que passaram pelo Hospício Colônia, em Minas Gerais, ao longo de seus quase 100 anos de existência. Pela primeira vez é recriado ficcionalmente um pedaço doloroso da história do Brasil, contando a trajetória de tanta gente que foi injustamente trancada no local, onde mais de 60 mil pessoas perderam a vida vítimas de maus tratos, eletrochoque, tortura e abandono.

A produção conta a história de Elisa (Fernanda Marques), uma jovem de vinte anos que chega ao Hospício Colônia no começo dos anos setenta. Ela está grávida de quatro meses de sua grande paixão juvenil e foi enviada para o local pelo pai, Júlio (Henrique Schafer), que fica enfurecido ao descobrir que a filha arruinara seus projetos de casá-la com um rico vizinho de fazendas. Elisa logo se depara com a verdadeira loucura ali presente, mas rapidamente consegue descobrir que, assim como ela, muitas outras pessoas sem nenhum tipo de diagnostico de doença mental estão internadas: o alcoólatra Raimundo (Bukassa Kabengele), a prostituta Valeska (Andréia Horta), o homossexual Gilberto (Arlindo Lopes) e dona Wanda (Rejane Faria), todos para lá enviados por serem considerados incômodos para a sociedade. Elisa se aproxima destas pessoas e cria laços de amizade fundamentais para sobreviver, da maneira mais sã possível, a uma vida de abusos e violência diária.

A série foi rodada toda em preto e branco, em locações entre Campinas e São Paulo. O hospício foi reconstituído em um edifício antigo no bairro do Ipiranga, na capital paulista. Sobre a escolha estética de gravar em P&B, André Ristum afirma: “Quando eu imaginava a série, eu não conseguia enxergar de outra forma que não em preto e branco. A vida dessas pessoas era tão sem cor, sem brilho, que, para mim, não fazia sentido rodá-la colorida”.

Colônia (2021) (10X30’)
INÉDITO e EXCLUSIVO
Classificação: 16 anos
Criação e direção: André Ristum
Roteiro: André Ristum, Marco Dutra e Rita Gloria Curvo
Elenco: Fernanda Marques, Andréia Horta, Augusto Madeira, Naruna Costa, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes e Rejane Faria.
Estreia: sexta, dia 25/06, às 21h30.
Horário: sexta, às 21h30
Alternativos: madrugada de sábado/domingo, 1h55, e madrugada de segunda/terça, 0h55.

Contexto Histórico:

“Aquele carro parara na linha de resguardo, desde a véspera, tinha vindo com o expresso do Rio, e estava lá, no desvio de dentro, na esplanada da estação. Não era um vagão comum de passageiros, de primeira, só que mais vistoso, todo novo. A gente reparando, notava as diferenças. Assim repartido em dois, num dos cômodos as janelas sendo de grades, feito as de cadeia, para os presos. A gente sabia que, com pouco, ele ia rodar de volta, atrelado ao expresso daí de baixo, fazendo parte da composição. Ia servir para levar duas mulheres, para longe, para sempre. O trem do sertão passava às 12h45m. (…) Para onde ia, no levar as mulheres, era para um lugar chamado Barbacena, longe. Para o pobre, os lugares são mais longe.”

João Guimarães Rosa, Sorôco, sua mãe, sua filha (em Primeiras Estórias)

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O Hospital Colônia de Barbacena, MG, foi fundado em 12 de outubro de 1903, cerca de quinze anos após a abolição da escravatura e da proclamação da República, e pouco após a criação da Assistência aos Alienados no estado em 1900. Foi construído em terras da Fazenda da Caveira, propriedade que diziam pertencer ao delator da Inconfidência Joaquim Silvério dos Reis. O município receberia o epíteto de “Cidade dos Loucos”. O trem que carregava os internos para lá foi apelidado de “Trem de Doido” pelo escritor Guimarães Rosa. Inicialmente construído com 200 leitos, o hospital atingiu a marca de cinco mil pacientes nos anos 60. Os pacientes eram mantidos em condições sub-humanas. Faltavam leitos, roupas, proteção contra o frio, água e comida. Havia outras formas de tortura, como o eletrochoque, utilizado sem finalidade terapêutica, e os banhos frios.

O hospital tornou-se destino de todo tipo de indesejável social da época, que demostra racismo e desigualdade: homens e mulheres negras, homossexuais, alcoólatras, prostitutas, jovens grávidas, vítimas de estupro, mulheres com senso de liderança e opositores políticos. Deste modo, a internação era de fato uma forma de exclusão.

As denúncias contra o Colônia surgiram nos anos 60. Em 1961, o fotógrafo Luiz Alfredo registrou pela primeira vez, para a revista “O Cruzeiro”, a grave situação de abuso dos direitos humanos que ocorria no hospício. Helvécio Ratton dirigiu o documentário “Em Nome da Razão” em 1979. Em 2013, a escritora e jornalista Daniela Arbex escreveu o premiado livro-reportagem “Holocausto Brasileiro”.

A série “Colônia”, que estreia dia 25 de junho de 2021, é um esforço ficcional inspirado pelos fatos reais. Os episódios buscam retratar a realidade de diversas personagens que representam os grupos sociais vítimas desta violência. Os registros históricos, ainda que lacunares, serviram como base para a criação da série. Trata-se de uma adaptação que busca um olhar crítico em relação à sociedade patriarcal e conservadora do país, que tinha como hábito livrar-se dos indesejados jogando-os nestes depósitos humanos. Através de Elisa, filha de fazendeiro, uma “estranha no ninho” enviada para internação pelo próprio pai, o público é convidado a conhecer alguns dos dramas humanos que se desenrolaram no Colônia, e também a projetar futuros possíveis – futuros pelos quais devemos lutar.

Bio André Ristum
André Ristum começou a trabalhar com Cinema em 1991. Trabalhou como assistente de Direção em vários filmes, entre os quais “Beleza Roubada” (1995) de Bernardo Bertolucci. Estudou cinema na NYU-SCE em 1997. Desde 1998 dirigiu vários projetos premiados, entre os quais os curtas-metragens “De Glauber para Jirges”, selecionado para o Festival de Veneza de 2005, e “14 Bis”, curta que celebra o centenário do primeiro vôo da história da aviação. Em 2011 lançou “Meu País”, seu primeiro longa metragem de ficção, que recebeu 6 prêmios no Festival de Brasília e foi escolhido como melhor filme do ano no prêmio SESI-Fiesp 2012. Em 2016 lançou seu segundo longa metragem de ficção, “O outro lado do paraíso”, escolhido como melhor filme pelo Júri Popular no Festival de Gramado e Melhor Filme no Festival Latino-americano de Trieste, na Itália, entre tantos prêmios no Brasil e no mundo. Em 2018 lançou comercialmente seu terceiro longa, “A voz do silêncio”, que recebeu os prêmios de Melhor Direção e Melhor Montagem no Festival de Gramado.

Séries Originais do Canal Brasil
Com cerca de 95% de sua grade dedicada ao cinema brasileiro, o Canal Brasil tem investido cada vez mais também em séries originais. Além de acompanhar as tendências de consumo do mercado de entretenimento, o canal tem especial interesse em diferentes narrativas, estéticas, linguagens e formatos audiovisuais que representam a diversidade brasileira. Além de “Amor de 4+1”, de Marcelo Santiago, que estreou em março de 2021, e “Hit Parade”, no ar desde maio, estão entre as produções mais recentes “Os Últimos Dias de Gilda”, de Gustavo Pizzi, primeira brasileira a ser selecionada para participar da Berlinale Series, mostra do Festival de Berlim dedicada as séries de TV; “Noturnos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, baseada em contos de terror escritos por Vinicius de Moraes; “Confissões de Mulheres de 50”, último trabalho de Domingos Oliveira; e “Perdido”, de Paulo Tiefenthaler e Ernesto Solis. Para os próximos meses, estão previstas ainda as estreias de “Notícias Populares”, de Marcelo Caetano; “Anjo Loiro com Sangue no Cabelo”, de Felipe Bragança e Marina Meliande; e “Belchior – Alucinação”, de Eduardo Albergaria.

Sobre a Sombumbo
Com vinte anos de existência na indústria cinematográfica e vários filmes produzidos e coproduzidos, a Sombumbo busca desenvolver e realizar produções que possam levar ao público uma opção de entretenimento de qualidade. Além de coproduzir os premiados curtas de seu sócio-diretor André Ristum, “Homem voa?”“14 Bis” e “De Glauber para Jirges”, a empresa produziu o longa-metragem documentário “Tempo de Resistência”, o primeiro longa metragem dirigido por André Ristum, “Meu País” (com Gullane e TC) e o terceiro longa metragem dirigido por André Ristum, “A voz do silêncio” (com a TC), vencedor do prêmio de Melhor Direção no Festival de Gramado de 2018 e lançado comercialmente em 2018. Coproduziu também o segundo longa metragem dirigido por André Ristum, “O outro lado do paraíso” (produção Mercado Filmes e Geração Entretenimento) e o longa metragem argentino “O Diabo Branco” (com a Magma Cine), dirigido por Ignacio Rogers, a ser lançado em 2021.

Sobre a Tc Filmes
Criada em 2001 a Tc Filmes é uma produtora dedicada à criação e produção de longas-metragens e séries para cinema e televisão. Realizou projetos premiados como: “O lobo atrás da porta”, de Fernando Coimbra; “Operações especiais”, de Tomás Portella; “Raul – o início, o fim e o meio”, de Walter Carvalho; “Ninjas”, de Dennison Ramalho; “Marighella”, de Isa Grinspun Ferraz; “Meu país” e “A voz do Silêncio”, de André Ristum; “Riocorrente” e “O Olho e a Faca”, de Paulo Sacramento; entre outros. Em 2021 lança os longas-metragens “Anaíra”, de Sérgio Machado e “Garoto – Vivo sonhando”, de Rafael Veríssimo, além da série “Colônia”, de André Ristum para o Canal Brasil.

FICHA TÉCNICA:

Direção: André Ristum
Roteiro: André Ristum (1, 2, 3 e 4), Rita Gloria Curvo (5, 6 e 7) e Marco Dutra (8, 9 e 10). 
Direção de Fotografia: Hélcio Alemão Nagamine
Direção de Arte: Daniela Vilela 
Codireção de Arte: Pedro Von Tiesenhausen
Montagem: Leopoldo Joe Nakata (1 e 2), Selma Perez (3 e 4), Maria Claudia Guarato (5, 6 e 9), Mariana Fresnot (7 e 8) e Fernanda Krumel (10).
Figurino: Isadora Ribas
Produção de Elenco: Alessandra Tosi
Trilha Sonora: Patrick de Jongh
Edição de Som e Mixagem: Miriam Biderman e Ricardo Reis 
Diretora Assistente: Suzy Milstein
Preparador de Elenco: Luiz Mario Vicente
Som Direto: Victor Guerrero
Maquiagem: André Anastácio
Diretor de Produção: Farid Tavares
Produtor de set: Celso Not Dead Camargo
Produtor Executivo: Rodrigo Castellar
Produzido por: André Ristum e Rodrigo Castellar
Coprodutora: Gullane
Produtoras: Sombumbo e TC Filmes

ELENCO E PARTICIPAÇÕES:

ELISA – Fernanda Marques
JURACI – Augusto Madeira
VALESKA – Andréia Horta
WANDA – Rejane Faria
LAURA – Naruna Costa
RAIMUNDO – Bukassa Kabengele
GILBERTO – Arlindo Lopes
ANTONIETA – Rafaela Mandelli
DR. CARLOS – Aury Porto
RAMIRES – Marco Bravo
ANTÔNIO – Paulo Américo
FREITAS – Marcelo Laham
AMÉLIA – Teka Romualdo
SORAYA – Viviane Monteiro
GERMINDA – Lulu Pavarin
APARECIDA – Maria do Carmo
ROMILDA – Lilian de Lima

MAJOR CARVALHO – Eduardo Moscovis
PADRE JOÃO – Nicola Siri
PREFEITO – Vanderlei Bernardino
EDUARDO – Christian Malheiros
NATÁLIA – Stephanie de Jongh
IVAN – Marat Descartes
ROSANA – Ana Kutner
RICARDO – Samuel de Assis
JULIO – Henrique Schafer

SINOPSES DOS EPISÓDIOS

Episódio 1 – O Hospício Colônia
Elisa é jogada à força dentro de um trem por um funcionário do pai. Chega no Hospício Colônia e se depara com um mundo de abusos e violência.

Episódio 2 – A fazenda Bambuzal
A rotina no hospício segue e Elisa é atacada pela interna Rosana. Conhece Wanda que lhe conta um pouco sobre o funcionamento do Hospício.

Episódio 3 – A sonâmbula e o corpo
Elisa tem uma primeira noite de sono muito agitada e fica intrigada com conversas que ouve por acaso e começa a pensar em como fugir. Valeska recebe uma visita de seu amante.

Episódio 4 – Mãe e filha
Raimundo sofre uma sessão de eletrochoques. O tempo passa e Elisa segue internada, sem encontrar um caminho, até receber uma visita tão esperada.

Episódio 5 – Samba no escuro
Um militar negocia com a direção a permanência de presos políticos, que precisam encontrar uma forma de fugir. Elisa descobre um caminho pro lado de fora.

Episódio 6 – Salvação
O desaparecimento dos presos políticos deixa Elisa impactada e ela acaba traçando um plano de fuga. Juraci se beneficia com as novas ordens de Freitas.

Episódio 7 – Trevas
Ricardo chega no Hospício em busca de informações sobre sua mãe. Wanda, Soraya e Gilberto tentam descobrir aonde Elisa foi parar.

Episódio 8 -Tudo vem, tudo vai
Elisa, ainda em estado prejudicado, conversa com Valeska e preocupa Wanda. Uma visita surpresa aparece procurando Elisa.

Episódio 9 – Noite de São João
Wanda se despede de Elisa, resgatada pelo filho. Uma festa junina é organizada, enquanto Elisa ainda se recupera da violência à qual foi submetida.

Episódio 10 – Lua cheia
Elisa se despede de Soraya e Valeska e tenta encontrar uma rota de fuga com a cumplicidade de Laura, que não contava com a presença de Juraci.