DJ Rennan da Penha é o convidado de segunda do programa “TransMissão”
No programa “TransMissão” que vai ao ar na próxima segunda, dia 27, à 0h, Linn da Quebrada e Jup do Bairro recebem Rennan da Penha. O DJ contou às apresentadoras sobre as duas vezes em que foi preso, sobre a ação truculenta da polícia nas comunidades, sobre racismo e sobre a repreensão policial aos bailes funk.
Sobre sua prisão:
“Quando eu comecei a fazer show, eu estava foragido da justiça. Saiu um mandado de prisão para mim pelo mesmo BO que eu fui preso em 2016. Ai eu continuei fazendo baile, falei não vou me entregar nada, não sou bandido. Continuei fazendo baile, meu filho tinha quatro meses. Como é que eu vou sustentar meu filho? O meu problema é que eu ia para a rua trabalhar e pensava: ‘vai dar merda hoje, vai acontecer alguma coisa hoje’. Posso estar aqui e a polícia vir me prender. Fiquei cinco meses preso para ser absolvido por falta de provas. E depois fui preso pela mesma coisa. A primeira vez me acusaram de associação ao tráfico de drogas, porque eu publiquei um post no Facebook avisando que os policiais entraram na comunidade e estava dando tiro. Pegaram aquele post e falaram que eu estava avisando aos bandidos. Então já é, vou avisar aos bandidos pelo Facebook para todo mundo ver né. Meio sem lógica”
Sobre racismo:
“Eu aprendi uma coisa: preto e pobre é parecido, mas não é igual. Mas para muitos de fora preto é pobre, independente da sua cor. É pobre, mora na favela. Porque racismo você vai sofrer em tudo quanto é lugar. Eu sofro assim o dia todo. Estou no avião, as pessoas olham. O que o pretinho está fazendo aqui? A forma que eles olham para a comunidade é tipo como ameaça. Porque você mora ali, você está fazendo algo de errado? Você escolheu morar na comunidade? Quando você nasce, você escolhe po vou morar em um prédio luxuoso. Então você não tem culpa por onde você mora. Então acho que é muito desigual mesmo quando nós falamos da sociedade olhar para a gente da comunidade, você é uma ameaça para mim. Você pode me causar algo. E não vê que na comunidade tem talentos enormes, pessoas brilhantes, e só olham para a comunidade com um olhar de ranço”
Sobre a ação truculenta da polícia em comunidades:
“Eu já acompanhei alguns casos. Toquei na comunidade do Catarina, em São Gonçalo, era um show gospel cedo e à noite, foi no Dia das Crianças, ia ser eu. Eu entrando na comunidade, um blindado entrou começou ‘bum bum bum’. A gente entrou para um vestiário que era perto da quadra. A gente deitado no chão e os rebocos caindo em cima da gente. Ai quando cessou um pouco o tiro, a gente foi para fora, eu e minha equipe, tinha uma garota baleada no útero. Eu e meu empresário tivemos que puxar a garota e quem deveria dar o apoio a ela não deu. Quem tinha um meio de dar apoio, era o carro blindado que estava ali ne”