Cinema & Documentário

Dramistas: Memórias do Ceará

Com lançamento previsto para junho de 2021, pelas plataformas digitais, o documentário de longa-metragem Dramistas: Memórias do Ceará trata sobre os grupos de cultura popular que mantêm viva a tradição do drama no Estado. Com o registro de quatro grupos dos municípios de Tianguá, Uruoca, Guaramiranga e Meruoca, realizado nos primeiros meses de 2021, o filme está em fase de finalização.  

O objetivo da produtora geral e executiva do longa-metragem, Raylane Neres, é registrar essa manifestação da cultura popular nordestina. Variável do espetáculo teatral, o drama conta histórias sob a perspectiva da mulher e do homem do campo, trazendo críticas sociais, danças coreografadas e cânticos em formato de opereta. As histórias, dependendo do grupo, vão desde o nascimento do Cristo, até causos de vivências locais e paródias da vida atual.  

   “É uma tradição que corre sério risco de se extinguir, dados os números de brincantes que decai a cada ano. Na etapa de pré-produção, nossa equipe se deparou com diversos grupos que abandonaram o drama pela falta de incentivo ou porque os membros já estão em idade muito avançada e não há ninguém para dar continuidade”, revela. Apesar do aparente desinteresse das novas gerações, durante as filmagens, foram encontradas exceções em Meruoca e Tianguá, onde grupos contam com participação de jovens da comunidade. 

“Entre fraquezas e fortalezas, os dramas resistem. Tão fascinante quanto a preservação dessa tradição são as histórias das mulheres dramistas, seus anseios, percalços na vida. São essas histórias que enriquecem a obra”, ressalta o roteirista e diretor do filme, Augusto Cesar dos Santos.  

“O drama é a minha vida, é a vida da gente. É o que a gente sabe e gosta de fazer”, diz a Mestra Ana, da localidade de Tucuns, em Tianguá, sentada na sala de sua casa, contando para a câmera como foi o início da sua carreira. Mestra Ana, bem como Mestra Zilda, de Guaramiranga, são reconhecidas pelo Estado do Ceará como Tesouros Vivos da Cultura. 

Sobre filmar em tempos de pandemia, Raylane ressalta que a produtora adotou rigorosas medidas de segurança sanitária – desde o uso de itens de proteção, à assepsia constante de materiais e testagens periódicas para COVID-19 dos membros da equipe – preservando assim a saúde de profissionais e entrevistados. Além de Raylane e Augusto Cesar, a equipe do longa-metragem conta com o fotógrafo Ronaldo Roger, de Forquilha; e o captador de som direto Ronis Tomaz, de Meruoca; A equipe de produção envolve ainda diversos profissionais do sertão de Sobral.  

Além de fortalecer o desenvolvimento do audiovisual da região, o projeto também prevê a adoção de ferramentas de acessibilidade, como tradução para a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, legendagem em língua portuguesa e audiodescrição. O lançamento virtual está previsto para junho e, após o controle da pandemia de coronavírus no país, haverá exibições nos municípios da região. A realização do longa-metragem é da Argumento Produções, com apoio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).  

Foto por Nayana Souza.