Especialista explica como tratar a Esclerose Múltipla, doença que ficou conhecida após acometer famosos
Após o recente relato da atriz Guta Stresser sobre seu quadro de saúde, a doença esclerose múltipla passou a ser um dos temas mais comentados nas redes sociais. Além dela, as também atrizes Claudia Rodrigues, Ana Beatriz Nogueira, Selma Blair e Christina Applegate são portadoras da mesma patologia. O neurologista/neurofisiologista e diretor executivo nacional do Instituto de Educação Médica (Idomed), Dr. Silvio Pessanha Neto, explica que a esclerose múltipla é uma doença neurológica caracterizada por um processo inflamatório onde o sistema imunológico passa a não reconhecer estruturas do sistema nervoso como próprias e passa a agredi-las.
O principal foco deste ataque imunológico é uma célula responsável pela produção de uma “capa protetora” dos prolongamentos dos nossos neurônios, equivalentes a “fios elétricos”, comprometendo as suas funções. As áreas mais afetadas são o cérebro e a medula espinhal. Por esse motivo, os sintomas mais comuns estão associados a anormalidades na visão e movimento dos olhos, dormências, fraqueza, rigidez muscular, disfunção urinária e sintomas cognitivos leves.
“Não há um agente causador reconhecido, sendo classificado como uma doença sem uma causa específica, mas existem fatores que aumentam o risco de desenvolvimento e gravidade da doença. Ter sofrido infecções virais severas; concentrações insuficientes de vitamina D por baixo grau de exposição à luz solar e ser tabagista, estão entre os principais fatores. Trata-se de uma condição mais comum nas mulheres, com idade de início variando de 15 a 60 anos, tipicamente de 20 a 40 anos, e costuma evoluir com surtos e remissões, ou seja, momentos de “crise” e outros sem ou com poucos sintomas. Em um grupo menor de pessoas, a condição pode já começar evoluindo com muitas sequelas ou passar para esse estágio progressivo no decorrer dos anos, principalmente se o paciente não estiver corretamente diagnosticado, acompanhado e medicado”, comenta.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Internacional de Esclerose Múltipla, no Brasil aproximadamente 40 mil pacientes têm o diagnóstico de esclerose múltipla. Para a adequada realização do diagnóstico, ao surgimento de qualquer um dos sintomas descritos anteriormente, o paciente precisa procurar um neurologista para a realização de um exame físico neurológico minucioso, para descartar outras causas e solicitar exames complementares, caso necessário. O diagnóstico definitivo se baseia em resultados dos exames de ressonância magnética do crânio e da coluna, além do exame do líquor, que é o líquido que protege a medula espinhal e é coletado na região lombar.
Vale destacar que a maior incidência da esclerose múltipla em certas famílias e a presença de genes a ela relacionados, sugerem uma condição cuja predisposição ou susceptibilidade genética esteja presente. Como se trata de uma condição que não tem cura ou uma forma clara de prevenção, é muito importante observarmos e estabelecermos alguns cuidados para garantir que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida por mais tempo. A ciência mostrou que os mais importantes pilares neste sentido são a alimentação saudável e a realização de atividade física regular, além, obviamente, do diagnóstico precoce e de um acompanhamento neurológico contínuo e qualificado, buscando retardar as eventuais sequelas causadas pela doença.