SAÚDE CE| Serviço de Atendimento Domiciliar do HGWA completa 20 anos de cuidados à saúde de pacientes em casa
Prestar assistência humanizada e com a garantia de continuidade dos cuidados à saúde em casa. Essa é a principal meta do Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD), do Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), na Messejana. O programa, que completa 20 anos de atuação neste mês de junho, iniciou com o nome de Programa de Atenção Domiciliar (PAD) e atende hoje, além do HGWA, todas as unidades da rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Somente em 2022, foram feitos mais de 19.800 atendimentos, com uma média de 1.650 atendimentos por mês.
Criado em 2003 com o intuito de reintegrar o paciente no contexto familiar, promover humanização da saúde dos pacientes que necessitam de cuidados especializados no domicílio e otimizar leitos, atualmente cuida de 210 pacientes, entre adultos e pediátricos. Seis equipes multiprofissionais compõem o quadro de atendimento, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogas, fonoaudiólogos, dentistas, terapeutas ocupacionais e cirurgião.
A médica Úrsula Wille, que foi diretora do SAD por 18 anos e atualmente é diretora da Casa de Cuidados do Ceará, relembra como tudo começou, vindo de uma necessidade da rede de assistência. “O início do SAD se deu logo após a inauguração do HGWA. Percebemos que para prestar apoio aos pacientes que saíam da assistência hospitalar, seria necessário algum serviço para auxiliar nessa continuidade. Eu já tinha experiência em atendimento hospitalar domiciliar em outros serviços e trouxe essa proposta que foi aprovada e dado início ao serviço. Hoje o SAD é o único que atua com o uso de ventilação mecânica domiciliar no Ceará. É um orgulho ter feito parte dessa estrutura”, recorda.
O jovem Carlos Gabriel, de 23 anos, é um dos pacientes acompanhados pelo serviço há 7 anos. Ele foi vítima de um acidente, por meio de uma bala perdida, que o deixou tetraplégico, chegando a passar sete meses em um hospital. Desde então, precisando de cuidados especiais, ele recebe atendimentos em casa.
“Desde o momento do meu acidente já fui encaminhado para o IJF, depois fui para o Waldemar Alcântara, e comecei essa luta, mas graças a ajuda da equipe do SAD, tenho conseguido vários avanços, inclusive sair do respirador. A minha qualidade de vida tem melhorado bastante. Sou muito grato por esse programa existir, talvez se ele não existisse eu não estivesse aqui hoje”, afirma.
A coordenadora do SAD do HGWA, a enfermeira Amábili Couto, explica que os atendimentos iniciam ainda na internação do paciente e seguem após a saída do ambiente hospitalar. “As equipes realizam avaliação, acompanhamento e atendimento assistencial nessas visitas domiciliares. Os pacientes também têm direito a receber medicamentos padronizados e materiais médicos necessários à manutenção de sua saúde, além de equipamentos de suporte de oxigênio e ventilação mecânica com todo suporte, quando necessários”, detalha.
A médica Zenaide Ribeiro Ponte, que também coordena a equipe médica do SAD, reforça a importância do papel do profissional médico dentro do tratamento dos pacientes. Muitos desses pacientes necessitam de uso de sondas para alimentação, possuem lesão por pressão, precisam de cuidados de curativos em casa e, em alguns casos, utilizam oxigênio.
“O trabalho do médico do SAD se inicia ainda na internação. Após a desospitalização, acontece a primeira visita domiciliar, onde o médico, junto com sua equipe elabora o plano terapêutico, que vai desde o diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. Ver esses pacientes saindo de uma internação prolongada e chegando em casa, a alegria dessas famílias em encontrar seus pacientes e poder cuidar em casa, é muito gratificante”, pontua.
O diretor-geral do HGWA, Denys Briand, reitera a importância do serviço prestado nessas duas décadas de funcionamento do SAD na saúde da população cearense. “O SAD tem um legado nestes 20 anos de atuação, de concretizar o cuidado avançado multiprofissional no domicílio do paciente, mantendo-o na sua casa, junto aos seus entes queridos. É um desafio operacional gigantesco manter esta estrutura domiciliar em funcionamento, desafio este plenamente atingido ao observarmos o imenso grau de satisfação dos nossos pacientes e familiares por terem a opção deste tratamento complexo nas suas casas”, finaliza.
Cuidadores
Outro papel fundamental dentro dos cuidados aos pacientes do SAD é do cuidador. Geralmente o cuidador é formado por algum membro da família, ou de confiança, que se responsabiliza em cuidar do paciente em casa. Antes de levar o paciente para a residência, ele é treinado pela equipe multiprofissional sobre os cuidados diários.
A assistente social do SAD, Maria Concebida, acompanha de perto esse trabalho conjunto. Ela afirma que a figura do cuidador é um dos primeiros critérios para a desospitalização. “Ele é quem vai receber as orientações para dar a continuidade da assistência do paciente em casa, com o apoio, o suporte e as orientações da equipe. Ele é o elo entre o paciente e a equipe. Ele é o responsável por observar qualquer alteração e entrar em contato conosco, bem como o cuidado diário com a alimentação, banho e medicação”, destaca.