O dramaturgo Plínio Marcos será tema de oficina da pesquisadora teatral Luiza Pontes
As principais peças teatrais, roteiro e romance do ator maldito, adaptadas para o cinema serão vistas em folhas avulsas de scrapbook
O saudoso ator e dramaturgo brasileiro, Plínio Marcos, filho da cidade de Santos, em São Paulo, será tema de oficinas (virtuais), aprovadas em projeto contemplado na chamada pública 09/2020, no Edital Nº 7204, fomentado com recursos da Lei Aldir Blanc 14.017/2020, por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza. O número do Termo de Fomento do referido projeto é 558/2020.
As principais peças teatrais, roteiro e romance de Plínio que foram adaptados para o cinema, fazem parte de oito módulos da programação a ser apresentada com folhas avulsas de scrapbook, pela atriz e diretora teatral cearense, Luíza Pontes. A realização está prevista para acontecer às 9h e 15h dos dias 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22 de janeiro de 2021, através do Canal no Youtube da artista cearense, que é estudiosa e pesquisadora da vida e obra de um dos grandes nomes do teatro brasileiro.
Reconhecido por escrever com muita autenticidade sobre homossexualidade, marginalidade, prostituição e violência, Plínio Marcos será tema da oficina que busca fazer uma contextualização do final dos anos cinquenta e meados de sessenta, setenta e, também, oitenta, focando sobretudo, o período da ditadura militar.
Na ocasião, Luíza Pontes fará um comentário sobre os principais aspectos da vida do dramaturgo, além de mostrar algumas curiosidades da veia artística de Plínio, enquanto ator, diretor, escritor e roteirista. Ao todo, serão comentados quatro peças teatrais, um livro adaptado e um roteiro original que definem o estilo de escritor maldito como era considerado.
A oficina será ministrada em duas partes, onde serão feitas reflexões alusivas às obras do dramaturgo adaptadas para o cinema e, num segundo momento, as folhas de scrapbook relacionadas ao tema: 1. Navalha na Carne, 2. Barrela, 3. Abajur Lilás, 4. A Rainha Diaba, 5. Barra Pesada-Querô, o Filme. 6. Dois Perdidos Numa Noite Suja, 7. Beto Rockfeller e 8. Principais aspectos da biografia e dramaturgia de Plínio Marcos.
“Essa oficina partiu de uma iniciativa de homenagear o Plínio, pela sua dramaturgia maldita e contribuição enquanto dramaturgo e ator” revelou Luíza, acrescentando: “o objetivo também é a gente fazer uma reflexão sobre essas décadas de sessenta, setenta, em que realmente a maioria das peças do Plínio Marcos foram proibidas”, pontuou a atriz, uma das estudiosas da trajetória do artista.
Luíza Pontes ainda enfatizou: “Então, a finalidade é trazer somente reflexão, mostrar esses dados históricos, apresentar ou falar um pouco da obra e, também, nos divertir pegando um pouco da técnica do scrapbook, folhas decorativas que fazemos, usando papéis, materiais direcionados, onde a gente escreve”, explicou a diretora teatral, afirmando: “então, eu estou oferecendo duas oficinas em uma. A gente vai falar e também se divertir, fazer um paralelo”.
A pesquisadora ainda lançou o convite: “Vamos fazer esse mergulho teatral, através dessa oficina? E nos permitir também, a usar a nossa criatividade decorando essas folhas e criando mensagens”? Luíza ministrou na noite do último dia 30 de dezembro, pelo GoogleMeet, a palestra “Reminiscências Marginais”, onde fez reflexões do Teatro ao Cinema de Plínio Marcos. Uma programação do projeto fomentado com recursos da Lei Aldir Blanc 14.017/2020.
Sensibilizar o público alvo e permitir que compreenda alguns questionamentos voltados ao universo da dramaturgia marginal do autor, bastante atuais nos dias de hoje, é um dos objetivos do projeto que visa ainda, estimular a criatividade dos participantes com a confecção de folhas de scrapbook, fundamentando assim, todo o grau de importância de Plínio Marcos para a dramaturgia brasileira.
Todos os apreciadores em teatro de modo geral e curiosos em conhecer o estilo maldito de Plínio Marcos estarão inseridos na plateia da oficina, que passou por uma pesquisa etnográfica, onde é possível coletar dados para realizar os estudos sobre um determinado grupo social, ou seja, os marginalizados das periferias ou centros urbanos.
*Um pouco de Plínio Marcos
Traduzido, publicado e encenado em francês, espanhol, inglês e alemão, o ator e dramaturgo Plínio Marcos nasceu em 29 de setembro de 1935, na cidade paulista de Santos, onde atuou em rádio e televisão. Era filho do bancário Armando de Barros e da dona de casa Hermínia. Foi casado de 1963 a 1985 com a atriz Walderez de Barros, com quem teve três filhos: Ana, Kiko e Léo de Barros.
Autor de romances e peças de teatro, escritas principalmente, no período do regime militar, o também, jornalista e escritor, Plínio, deixou os palcos terráqueos, no dia 19 de novembro de 1999. Ele ainda chegou a ser casado por 25 anos, com a jornalista Vera Artaxo, que faleceu no mês de julho do ano de 2010.
Um dos primeiros a retratar a vida dos submundos de São Paulo, Plínio Marcos desempenhou ainda, as funções de palestrante, tarólogo, camelô de seus próprios livros, técnico da extinta TV Tupi, além de ter sido funileiro, jogador de futebol, servido à aeronáutica e atuado como palhaço de circo por cinco anos. Suas obras ganharam destaque pela denúncia e protesto contra as formas de organizações sociais.
Como jornalista, Plínio chegou a escrever nos jornais Última Hora, Diário da Noite, Guaru News, Folha de São Paulo, Folha da Tarde, Diário do Povo (Campinas/SP) e, também, na Revista Veja. Além dos referidos veículos de comunicação, o artista santista colaborou com várias publicações, como Opinião, O Pasquim, Versus, Placar e outras.
Grande incentivador do samba em sua terra e, também, em São Paulo, o diretor teatral recebeu em 2008, homenagem da Escola de Samba X-9 de Santos, que apresentou o enredo Plínio Marcos – Nas Quebradas do Mundaréu. Com esse desfile, a X-9 sagrou-se campeã do carnaval santista. Sempre voltado para a cultura popular, o dramaturgo serviu de tema de estudo de teses em universidades do Brasil e do exterior.
O intelectual Plínio Marcos ficou muito conhecido por resgatar a memória da população marginalizada, ao mesmo tempo de ter levado inúmeros fãs a pensarem hoje, que suas obras estão mais presentes do que nunca – pois mostram situações sociais e políticas que ainda perduram nos meios urbanos. Não é à toa que foi detentor dos principais prêmios nacionais em todas as atividades que realizou.
*Contatos para Entrevistas:
*Luíza Pontes (Atriz e Diretora Teatral)
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*Thiago Pinto (Produtor Executivo da Oficina)
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