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Inovação e collabs: negócios unem design e artesanato para desenvolver novas soluções no segmento 

V Fórum Cearense de Artesanato apresenta cases de sucesso de negócios artesanais no Circuito Fenacce

Manifestação cultural que passa de geração em geração, o artesanato carrega particularidades ligadas aos saberes de um território. De acordo com dados do IBGE, cerca de 10 milhões de brasileiros vivem do artesanato. Essas produções de artesãos habitam as cinco regiões inseridas em decorações de ambientes, roupas, acessórios, móveis e tantos outros objetos. A partir da inovação impulsionada pela união entre design e artesanato, estilistas, artistas, designers e criativos formulam novas idéias de negócios com propostas de manter vivas as tradições ligadas ao fazer artesanal.

Durante o V Fórum Cearense de Artesanato, realizado no Circuito Fenacce 2022, foram apresentados cases de negócios artesanais que desenvolvem produtos e projetos por meio da colaboração entre artesãos, técnicos e empreendedores. O evento contou com o apoio da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) e do PAB – Programa de Artesanato Brasileiro. 

O desenhista industrial, José Francisco Argotty Benavides, falou sobre a experiência bem sucedida dos Laboratórios de Inovação e Desenho da Colômbia e as estratégias de processos elaboradas para  criar uma relação horizontal entre os artesãos e os designers. “Primeiro a gente faz um diagnóstico da comunidade. O processo se concentra em ouvir as pessoas, conhecer suas habilidades e diagnosticar o estado da arte. Trabalhamos o fortalecimento da autoestima deles, estudamos a questão da sustentabilidade e, a partir daí, a equipe multidisciplinar pensa e realiza os laboratórios de co-design para desenvolver novos produtos com os artesãos”, explica.

Outro exemplo de sucesso que une design e artesanato é o desenvolvido por Tavinho Camerino, arquiteto e designer de mobiliário de Alagoas. Para ele, como o trabalho é colaborativo a assinatura também tem que ser, por isso suas peças são assinadas tanto por ele como pelo artesão. Tavinho estreou no Salone Satellite 2022, espaço dedicado aos novos designers de todo o mundo durante o Salone Del Mobile de Milão.

Inovação e arte do Ceará 

No Ceará, entre os projetos de negócios artesanais que se tornaram referência está o da marca “Catarina Mina” idealizado pela designer Celina Hissa, que produz bolsas, roupas e acessórios de palha, renda e crochê feitos por artesãs do interior do Estado. “É importante valorizar o trabalho da mulher, porque esse artesanato viabiliza a independência financeira delas, possibilita que elas trabalhem em casa e tenham renda”, conta a empresária que criou o Olê Rendeiras como forma de reconhecer o trabalho de cada artesã.

O projeto já tem cerca de 300 páginas de artesãs, que estão na etiqueta de cada peça que produzem. “O consumidor tem que entender que vai muito além do produto artesanal, o item carrega história, é o fazer de mulheres que guardam essa técnica há muito tempo. Entrar em contato com esse produto e saber a história por trás significa também garantir uma tradição, garantir uma cultura. Para a Catarina Mina esse produto não é só uma blusa que a gente veste, essa blusa representa toda a história de quem fez”, afirma a empresária expoente da moda sustentável. 

Também com foco no desenvolvimento de novas idéias para técnicas tradicionais, a professora do Curso Design de Moda da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Ana Cláudia Farias, explicou a metodologia do projeto Render-CE, iniciativa que alia universidade e mercado para oferecer suporte e visibilidade aos artesãos do estado do Ceará. “O projeto, agregado à Loja do Bem do Shopping Iguatemi, proporciona o compartilhamento de saberes entre alunos, artesãos e professores que criam em parceria peças em diferentes tipologias, a partir da troca de experiências e aprendizados”, relata. 

Mas o que falta para o mercado do artesanato crescer ainda mais? Daniela Vasconcelos, gestora do Programa “Alagoas Feita à Mão”, fala que falta se reconhecer mais do que é feito no Brasil. “A gente vem passando por um interesse mais sustentável, um movimento crescente de valorização, mas as pessoas têm dificuldade de valorizar o artesanato. Não entendem o tempo que leva para fazer, o esforço ali colocado. Existe um processo que é artesanal e isso tem valor cultural, humano e econômico”, explica. 

Para a estilista cearense, Almerinda Maria, referência quando o assunto é renda renascença e também um dos nomes mais lembrados no handmade fashion, ter um diferencial a fez ganhar mais espaço no mercado. Além disso, também pontua a importância de ir em busca do público que valoriza o seu trabalho. “Se você quer atender o público A, você precisa ir aonde ele está. Eu escolhi São Paulo pelo mercado já consolidado”. 

O artista plástico, Túlio Paracampos, e Armênia Rocha, criadora da marca Alumiar Design de Luminárias, destacaram as diversas formas com que design e artesanato podem se complementar. “O design pode solucionar limitações que muitas vezes os artesãos podem ter no dia a dia, na falta de outros profissionais ou materiais além dos que eles utilizam em suas peças”, diz Paracampos. A empreendedora e artesã, Armênia também pontuou a importância de participar de feiras e eventos para ampliar os contatos e expor seus trabalhos. “Nesses momentos de interação com outros expositores você percebe que o seu trabalho atende o mercado, faz contatos e gera novos negócios”, afirma. 

Confira todos os painéis do V Fórum Cearense de Artesanato no youtube da Fenacce: https://www.youtube.com/fenacce.  

4ª Fenacce 

Realizada pela A&M Promoções e Eventos em parceria com o Sindieventos CE, a 4ª Feira Nacional do Artesanato e Cultura (Fenacce) acontece em setembro, de 16 a 25, no Centro de Eventos de Fortaleza e conta com o apoio do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) e CeArt, do Sebrae, da ApexBrasil e do PAB- Programa do Artesanato Brasileiro.