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Junho Violeta: profissionais da Saúde do Ceará auxiliam na identificação de casos de violência contra pessoas idosas

Conscientizar sobre a violência contra a pessoa idosa. Esse é um dos objetivos do Junho Violeta, campanha criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que tem como foco despertar sobre a sensibilização e o combate a esses atos. No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), os assistentes sociais passaram por diversas capacitações em torno do tema, na preparação para identificar sinais de pacientes que chegam com algum tipo de sofrimento envolvendo a violência, seja física ou psicológica.

Uma das ações foi a realização de uma palestra com a delegada Rena Gomes e o investigador Pablo Gurgel. Eles estiveram na unidade para falar sobre os direitos e cuidados da pessoa idosa. Na ocasião, o promotor Alexandre Alcântara, do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDPI), também compartilhou sua experiência sobre os direitos do idoso.

O coordenador do Serviço Social do HGWA, Michel Barbosa, conta que os convites para a equipe são frutos de uma parceria e de um momento de divulgação da própria delegacia com os órgãos parceiros. “Para nós que trabalhamos na saúde e em um hospital que recebe muitos idosos, é de fundamental importância conhecer esse serviço, pois o serviço social está diretamente ligado na defesa dos direitos da pessoa idosa. O assistente social é o profissional que faz a escuta qualificada e encaminha aos órgãos competentes os casos de violência e maus tratos contra a pessoa idosa e pessoa com deficiência”, pontua.

Ele destaca que a campanha traz uma importante reflexão sobre a violência contra a pessoa idosa. Considerando que 60% dos pacientes atendidos no HGWA são pessoas idosas.

Além do Serviço Social, o auxílio ao paciente envolve toda a equipe multiprofissional, que inclui psicólogo, médicos, enfermeiros, entre outros profissionais. “No Hospital Waldemar Alcântara, todo paciente passa por uma avaliação social e um dos objetivos desta avaliação é identificar violação de direitos. O Serviço Social vem criando estratégias para garantir o direito dessas pessoas, como por exemplo a parceria com os órgãos de proteção à pessoa idosa, como Delegacia do Idoso, Ministério Público. O mês de junho nos faz refletir e endossar ainda mais nossas ações no hospital, principalmente pela educação em saúde, falando para nossos pacientes e acompanhantes a importância de prevenir e denunciar a violência contra a pessoa idosa”, pontua.

Caso a equipe identifique algum tipo de violência, os profissionais acionam os órgãos competentes para que sejam feitas as investigações. Havendo necessidade, também é solicitada a proteção do idoso e acionado o serviço de atendimento psicológico do hospital.

“Toda a sociedade é responsável pela proteção ao idoso”, diz geriatra da Casa de Cuidados do Ceará

Na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade de saúde para transição de pacientes em recuperação após internação hospitalar na rede da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), atualmente 42% dos pacientes internados têm idade acima de 60 anos. Na equipe de médicos assistentes do equipamento, três são geriatras.

Um deles é o coordenador médico Rafael Pinheiro, que alerta que grande parte dos casos de violência contra a pessoa idosa ocorrem dentro de casa. “Toda a sociedade é responsável pela proteção a esse público. Há diversos tipos de violência que afetam o idoso de diversas formas. A mais comum é a violência psicológica, que é quando xingam o idoso ou o menosprezam, isso faz com que ele fique cada vez mais reprimido e isolado, causando transtornos de humor e maior fragilidade. Os idosos mais vulneráveis são as principais vítimas de violência. Além disso, também há a violência patrimonial, que é o caso daqueles familiares que fazem empréstimos no nome do idoso, sem ele usufruir daquela renda, assim como o abandono e a negligência”, explica.

O profissional de saúde muitas vezes percebe as marcas de violência no idoso através de exames ou em mudança de comportamento. Por isso, o acompanhamento de um profissional especializado faz a diferença na vida do paciente idoso. ” Na CCC, fazemos uma avaliação geriátrica ampla para atender às necessidades de cuidados de cada paciente, prestando um atendimento integral e personalizado”. Além disso, nosso paciente é assistido por profissionais de Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Enfermagem, Psicologia, Nutrição, Fonoaudiologia e Serviço Social, cada um atuando com sua especialidade para atender à necessidade do paciente, fazendo toda a diferença em sua recuperação”, acrescenta.

Além do profissional da saúde, é importante que toda pessoa que convive com um idoso esteja atenta a qualquer mudança física no corpo ou de personalidade. “Se essa pessoa perceber algum tipo de violência que esse idoso esteja sofrendo, é importante que denuncie o mais rápido possível para que esse idoso seja protegido”, orienta.

Caso uma pessoa idosa seja vítima de violência, a denúncia pode ser realizada de forma anônima pelo Disque 100 a qualquer hora do dia. Além disso, os cidadãos podem buscar ajuda, orientação e denunciar em outros locais, como as unidades básicas de saúde (UBS) e delegacias de polícia.