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Pesquisa da Abrasel revela desafios financeiros para o setor no Ceará

64% operaram sem lucro, 61% com pagamentos em atraso e 65% não ajustaram preços à inflação em novembro

Em uma análise recente sobre a situação financeira do segmento de alimentação fora do lar, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel) revela números preocupantes. No mês de novembro de 2023, 64% das empresas operaram sem qualquer lucro, destacando a delicada situação enfrentada por quase dois terços dos estabelecimentos. O levantamento, conduzido com empresários do setor no Ceará, foi realizado entre os dias 20 e 27 de dezembro.

O balanço financeiro apresenta um cenário em que 32% registraram prejuízo, enquanto outros 32% mantiveram-se em equilíbrio precário. O número de empresas lucrando teve uma leve queda de 1% em relação a outubro, chegando a 36%.

O presidente da Abrasel no Ceará, Taiene Righetto, comenta a situação. “Estamos enfrentando um momento extremamente desafiador. Os dados refletem as dificuldades financeiras que os empresários do setor têm enfrentado, demandando ações urgentes para a recuperação”, afirma.

No que diz respeito às finanças, a pesquisa aponta que 61% das empresas acumulam pagamentos em atraso. Dentre essas, 81% possuem dívidas referentes a impostos federais, 56% a impostos estaduais, 44% a dívidas bancárias, 42% a encargos trabalhistas, 16% estão inadimplentes com serviços públicos (como água, gás e energia elétrica), 23% devem a fornecedores e 14% estão com o aluguel do imóvel atrasado.

Quanto aos preços, 65% das empresas não conseguiram reajustá-los em linha com a inflação média. Enquanto 31% realizaram reajustes abaixo da inflação, 34% não alteraram seus preços. Apenas 9% afirmam ter feito reajustes acima da inflação, e 26% ajustaram conforme a inflação.

Sobre o mercado de trabalho, quase um quinto das empresas contrataram funcionários em novembro, enquanto 19% relatam ter demitido. A maioria, 61%, conseguiu manter o quadro de empregados. Para o futuro, mais de um quarto das empresas que fizeram contratações em novembro indicaram que também estavam contratando em dezembro, e apenas 4% mencionaram intenção de demissões. Taiene Righetto reforça a importância de olhar para esses números. “As questões relacionadas ao mercado de trabalho demonstram a resiliência dos empresários, buscando manter e até expandir suas equipes, mesmo diante das adversidades econômicas”, diz.

O presidente reitera que a pesquisa indica que a maioria dos bares e restaurantes ainda não se recuperou da pandemia, enfrentando dificuldades financeiras e com impostos atrasados. “No estado do Ceará, a situação é ainda mais grave, pois ainda há aumento dos impostos, sem a sensibilidade com a situação difícil de boa parte dos empreendedores. Isso levanta preocupações sobre o reconhecimento insuficiente por parte do poder público em relação aos problemas enfrentados pelo setor, que é um dos maiores empregadores no Estado. A contratação adicional de mão de obra mostra a esperança dos estabelecimentos de recuperar parte das perdas durante a alta temporada que segue até o fim de janeiro”, conclui.

Panorama nacional: sinais de recuperação, mas desafios persistem
A pesquisa aplicada entre os associados cearenses foi realizada, ao todo, com 1.647 empreendedores de todo o Brasil, e destaca que mais da metade dos bares e restaurantes operaram sem lucro em novembro. Apesar de ter crescido o número de empresas trabalhando no azul, a maioria ainda tem dificuldades para operar com lucro. O presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, comenta: “O ano terminou com um resgate do faturamento, mas com muitas empresas ainda endividadas, com impostos em atraso e tendo de pagar os empréstimos tomados na pandemia”.

No cenário nacional, 23% das empresas operaram no prejuízo em novembro, enquanto 34% ficaram em equilíbrio. Contudo, houve um aumento de 7% nas empresas que conseguiram operar com margem positiva em relação ao mês anterior, totalizando 43%. O desafio das dívidas persiste, com 38% das empresas relatando pagamentos em atraso, principalmente em impostos federais (69%), impostos estaduais (45%) e dívidas bancárias (40%).

Em relação ao reajuste de preços, 53% das empresas afirmaram que não conseguiram ajustar seus preços em linha com a inflação média. No entanto, o setor apresenta sinais positivos no mercado de trabalho, com 21% das empresas contratando novos funcionários em novembro, superior aos 14% que relataram demissões. A maioria das empresas (64%) manteve seu quadro de empregados estável. As perspectivas para dezembro também são animadoras, com 27% das empresas planejando contratar mais funcionários e apenas 6% indicando intenção de demissão.

Em síntese, os dados revelam um cenário desafiador, porém com indícios de recuperação, demandando ações coordenadas para a sustentabilidade e retomada efetiva do setor de alimentação fora do lar.