Quarentena e planejamento financeiro
Janguiê Diniz – Fundador e Presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional – Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo
Um debate constantemente em voga durante o período de quarentena é a questão da economia. Empregos ameaçados, ou mesmo perdidos, empresas paradas, incertezas de futuro. Nesse cenário, torna-se de suma importância – mais do que em outras épocas – o planejamento financeiro. Isso vale para pessoas, famílias, empreendedores, empresas e até governos. Já que não sabemos até quando a crise vai durar e quais serão seus efeitos reais, estar preparado se faz ainda mais importante.
Antes de tudo, é preciso dizer que a quarentena pode ser uma boa oportunidade, se pensarmos na ótica do planejamento financeiro. Muitas vezes, pela correria da vida, não paramos para organizar gastos e receitas, equilibrar as contas. Com a desaceleração das atividades comerciais, depois das medidas impostas por administrações municipais e estaduais, necessárias para diminuir a velocidade de disseminação do novo coronavírus, muitas pessoas se viram com a renda sensivelmente comprometida, quase que da noite para o dia. Analisando essa realidade, comprovamos a relevância do planejamento financeiro, algo não usual para o brasileiro. Agora, no entanto, todos se veem forçados a fazer esse planejamento, a fim de equalizar as contas de casa e das empresas. E é preciso fazer isso com muito cuidado e atenção.
Segundo especialistas, para fazer um bom planejamento de gastos, dentro da realidade de quarentena, é preciso, antes de tudo, ter informação. Para as contas domésticas, deve-se levantar todos os gastos mensais da residência – alimentação, aluguel, contas, dívidas, enfim, os gastos obrigatórios e mesmo os supérfluos. Então, é hora de avaliar o que pode ser cortado – mesmo que temporariamente. Por exemplo, compras excessivas, etc. Essa lista vai das necessidades e possibilidades de cada um.
Uma dica bem interessante que serve para qualquer momento é a chamada “regra 50-30-20”: deve-se reservar 50% do orçamento para gastos essenciais; 30% para os gastos variáveis, supérfluos e do estilo de vida; e 20% para pagar dívidas e investir. Assim, é possível equalizar melhor as finanças pessoais.
Já para empreendimentos, é preciso fazer um rol de fornecedores, contratos, dívidas e pagamentos com estrutura e pessoal. Tudo isso, na ponta do lápis, mostra um panorama da real situação da empresa. A partir daí, vem a etapa de cortes e renegociações. A diminuição de jornada de trabalho e salário foi uma opção oferecida pelo Governo Federal, que se encarrega de completar o salário do colaborador proporcionalmente ao que ele teria direito a receber como seguro-desemprego. Renegociar contratos e dívidas com fornecedores e credores também é indicado, para conseguir um fôlego a mais.
O mais importante para empreendedores: é necessário pensar nos mais diversos cenários de futuro, desde uma retomada rápida da atividade econômica até uma demora maior e estar preparado para todos eles, traçando estratégias de atuação para cada caso.
Estamos vivendo uma realidade completamente nova e ainda muito incerta. Enquanto não se tem perspectivas reais e sólidas do que os próximos meses nos reservam, precaução e antecipação são as melhores armas para sofrer menos os impactos da crise econômica. No mais, é manter a fé de que um futuro melhor virá e, tão logo isso tudo passar, voltaremos a prosperar.