Equipe de Terapia Ocupacional da Casa de Cuidados utiliza tecnologia assistiva e práticas integrativas para reabilitação de pacientes
Aprender a se cuidar é um dos desejos mais comuns de pessoas que ficam internadas em unidades de saúde. Mesmo em situações onde o quadro é limitado, esse aprendizado é possível por meio do tratamento de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics). Os pacientes instalados na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade vinculada à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) gerida pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), recebem este tratamento com a assistência da equipe de Terapia Ocupacional e ganham mais qualidade de vida.
As Pics são práticas e terapias que complementam os métodos convencionais, ajudando a restaurar os equilíbrios físico, mental, emocional e espiritual com atividades que envolvem, por exemplo, ioga e meditação. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, de forma integral e gratuita, 29 práticas deste perfil à população.
“O objetivo das Pics é promover cuidado integral em saúde e de prevenção de doenças, atuando, inclusive, no cuidado a doenças crônicas. Essas práticas são realizadas para promover a expressão de sentimentos positivos, diminuindo os negativos, como angústia e estresse, e melhorar tensões e dor. As práticas integrativas trazem o bem-estar, estimulando a independência por meio da ampliação da autopercepção e do autocuidado”, detalha a terapeuta ocupacional Clarissa Dantas.
Esse processo consiste, segundo ela, em uma roda de terapia integrada por meio de fala e escuta, buscando consolidar relações sociais. Arteterapia, com métodos que estimulam a criatividade do paciente e o autoconhecimento, também é utilizada. “No caso da terapia comunitária integrativa, que é outra modalidade dentro das Pics, ela envolve o uso de recursos plásticos, como a pintura, para estimular a criatividade e o desenvolvimento de habilidades, assim como a expressão de sentimentos, e fortalecer a identidade do paciente”, acrescenta Dantas.
Outro tratamento adotado pela equipe de Terapia Ocupacional é a tecnologia assistiva de baixo custo por meio de órteses para adaptação de pacientes que necessitam de algum uso de dispositivo para prevenir deformidades ou melhorar a mobilidade. De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), a tecnologia assistiva é uma área de característica interdisciplinar que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade – relacionada à atividade e participação – de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando à autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social.
O CAT é constituído por 19 profissionais – geralmente ativistas de movimentos em relação à pessoa com deficiência (PCD) – e por representantes dos órgãos públicos federais. O comitê busca propor melhorias para acessibilidade às tecnologias disponíveis no mundo, permitindo a inclusão plena e abrangente na sociedade.
“O uso da tecnologia assistiva nas intervenções da Terapia Ocupacional é um meio facilitador no processo de reabilitação e promoção da qualidade de vida, onde posso usar recursos, adaptações e dispositivos que facilitam o desempenho motor, cognitivo, sensorial e social do paciente. Aqui na CCC, as essas tecnologias são confeccionadas com materiais de baixo custo. As órteses e adaptações são feitas com cano PVC (Policloreto de Vinila) como principal matéria-prima. Depois, é realizado todo processo de acompanhamento e treinamento nas atividades de vida diária, oferecendo suporte ao paciente e cuidador quanto ao uso do dispositivo”, Natália Costa, também terapeuta ocupacional.
A profissional atua, ainda, na “Oficina Produtiva”, com uso de materiais recicláveis. “Nessa atividade, os pacientes dão um novo olhar, um novo significado, com o objetivo de expressar o que estão sentindo naquele momento e até mesmo no desenvolvimento de novas habilidades e compartilhamento de conhecimento entre eles. Inclusive, é um estímulo para favorecer a consolidação da inserção nos serviços de geração de renda, levando consigo a possibilidade de vender seu produto produzido ou fabricar futuramente fora da Casa, ajudando na renda da família”, ressalta Costa.
Casa de Cuidados do Ceará
O equipamento completou cem dias de funcionamento no dia 4 de outubro. Desde sua implementação, mais de 130 pacientes foram admitidos no espaço, no período entre 24/6 e 24/9. Os internados são pacientes que permaneceram por longo período em hospitais em decorrência de Covid-19 ou outras doenças graves.
O objetivo da Casa acompanha uma tendência mundial para a desospitalização precoce a fim de evitar a lotação em unidades hospitalares de emergência e, assim, liberar leitos para pacientes com diagnósticos mais severos. A diminuição do tempo de permanência no ambiente hospitalar reduz, ainda, chances de complicações e proporciona um tratamento mais adequado, respeitando protocolos de segurança. Atualmente, o equipamento mantém 130 leitos.