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Mulheres contornam preconceitos e ganham espaço como porteiras de condomínios

Cada vez mais ganhando destaque à frente das portarias de condomínios de casas e apartamentos no Ceará, as mulheres têm mostrado competência, organização, agilidade e desenvoltura para exercer a profissão que ainda hoje é predominantemente dominada por homens. De acordo com Oscar Lima, diretor da administradora de condomínios, prestadora de serviço e facilities Metas, a realidade vem mudando timidamente e aos poucos elas vêm sendo inseridas na função. “Dos cerca de 500 porteiros que temos, apenas 10 são mulheres”, disse Oscar destacando que vê a situação como um reflexo do hábito na sociedade em geral.

“Na prática ainda se vê poucas mulheres em portarias e, quando se vê, as pessoas acham diferente e curioso, pois a maioria ainda associa muito o trabalho de portaria à presença masculina. Penso que está na hora de quebrarmos essa barreira”, explica o diretor afirmando que percebe que as próprias mulheres têm uma certa resistência a entrar na profissão. “Quando abrimos as vagas para porteiro não especificamos o gênero, mas a maioria dos interessados que se apresentam são homens. No entanto, tem sido comum a promoção de colaboradoras, por exemplo, da zeladoria para a portaria. Quando isso acontece, ela passa por todo o processo seletivo, incluindo treinamento teórico e prático, para somente após essas fases ser promovida”, detalha o diretor.  

Crescimento

Foi o que aconteceu com a porteira Maria Patrocina da Silva, 45 anos, que iniciou seu trabalho em condomínios na função de zeladoria e hoje atua como porteira de um condomínio de 88 apartamentos. “Eu costumava ficar observando os porteiros, como eram os procedimentos, procurava sempre aprender sobre as áreas comuns e como faziam os atendimentos. Surgiu a vaga, eu pedi para participar da seleção e deu certo”, disse Maria que, no início, achava que não tinha potencial para atuar em uma função que até então só via homens exercendo. 

“A gente tem sempre que buscar crescer na vida com humildade, respeito, muito empenho e dedicação. Confesso que tinha um certo medo de assumir a portaria, mas recebi muito apoio do administrador do condomínio que eu trabalho hoje e da minha família. Na caminhada da vida encontramos pessoas que nos ajudam a subir alguns degraus, mas também encontrei pessoas que me olharam torto por eu ser mulher e por isso achar que eu não sabia fazer o trabalho como é para ser feito”, afirma Maria. 

Experiência

Há oito anos trabalhando na portaria de um grande condomínio de apartamentos de Fortaleza, a trajetória de Cícera Silva Bezerra, 46 anos, também foi de muita quebra de barreiras. “No começo nem sempre é fácil. No início recebi o apoio do meu padrasto que é porteiro e foi quem me indicou a vaga para a portaria. Até então eu nunca tinha tido nenhuma experiência na função. Tive que estudar, me dedicar bastante para mostrar que era capaz pois me identifiquei com a profissão. Eu sou apaixonada pelo o que eu faço e aproveito para incentivar as mulheres a também entrarem na profissão, pois é muito bom”, afirma Cícera.   

Porém, nem tudo são flores. Na seleção para a vaga de porteira, Cícera disse que  só tinha ela e outra mulher participando do teste e todos os outros eram homens. “Acabei ficando um pouco assustada achando que não iria passar no teste. A gente percebe alguns olhares de desaprovação, mas fui selecionada e agradeço a confiança de quem apostou no meu potencial. No início sofri alguns preconceitos, mas hoje eu não me abalo mais e continuo exercendo minha profissão com ainda mais garra e honra”, finaliza Cícera.